17/04/2010

INTERROGO-ME

Joaquim Jorge




Gostava de vos dizer que estou um pouco cansado de estar sempre a ouvir que é preciso poupar e tenho que fazer restrições pelo famigerado défice. Este fetiche do défice advogando contenção de gastos , é uma obsessão e será uma fonte potencial de conflitos sociais.
Tendo em conta a evolução em que caminhamos para o envelhecimento da população com dificuldade de repor a população jovem e activa de forma garantir o equilíbrio demográfico , a fraude imperar assim como o desemprego. Interrogo-me muito sobre o futuro do nosso país.
É preciso repensar o estado social. Não podemos ter a pretensão de ser a Suécia,mas quando alguém está à beira de morrer ( analogia com a crise do país) deve-se rever as suas prioridades e valores.É necessário uma combinação entre a redução da fraude, cortes nos gastos e reformas que não prejudiquem os mais desfavorecidos. Os funcionários protegidos que se reformaram até 2005 , os seus benefícios devem ser reduzidos. A falta de equidade para quem se reforma depois de 2005 é gritante. Eu sei que não é fácil atirar-se a esse desígnio. Mas tem que ser feito custe o que custar. As pensões devem ser financiadas a cada cidadão pelos descontos efectuados ao longo da sua vida contributiva e não por ter exercido cargos ou outrem.Se assim for feito pelos descontos efectivos poder-se-á ajudar quem menos recebe. O corte em muitas pensões irá para quem menos recebe. É abjecto e lamentável muitos portugueses auferirem pensões altíssimas e sem terem contribuído para elas. Não é aos mais desfavorecidos , que recebem uma parca pensão que se deve pedir mais aperto e que paguem a crise. Não há milagres! É preciso tirar a quem é mais beneficiado.
Ao retocar-se as pensões com os seus efectivos descontos, financiamento com impostos e porventura um aumento da idade de reforma , desta forma, far-se-ia alguma justiça social.
A lógica do estado social quando foi criado era sobre uma modelo de sociedade que já não existe . Começávamos a trabalhar aos 20 anos , fazíamos descontos , mais de 40 anos e tínhamos uma esperança de vida limitada.
É preciso gastar melhor ,e não,em que uns têm tudo e outros nada. É um absurdo os encargos com tantos administradores, ordenados de centenas de assessores que pululam à volta do governo central e câmaras, etc.
E por que não acabar com empresas públicas deficitárias como a RTP , não se justificam tantas televisões?
Os direitos adquiridos não se podem manter só para alguns, temos de os distribuir entre as gerações e no tempo.