01/02/2010

100 DIAS

Joaquim Jorge




Estes primeiros 100 dias do Governo lembram-me com a devida adaptação a expressão «guerra dos 100 anos» surgida no século XIX , identifica uma série de conflitos armados, registados de forma intermitente, durante o século XIV e o século XV , envolvendo a França e a Inglaterra .A longa duração desse conflito explica-se pelo grande poderio dos ingleses de um lado e a obstinada resistência francesa do outro.

Estes primeiros cem dias pareceram uma eternidade , a partir da tomada de posse dia 26 de Outubro ,o caso Face Oculta e as escutas entre José Sócrates e Armando Vara, aprovação das 11 medidas anti-crise entre as quais o adiamento da entrada em vigor para 2011 do Código Contributivo e a extinção do Pagamento Especial por Conta ( PEC) iam deitando tudo a perder . O governo parece que estava a começar ,e logo de seguida, parece que não se aguentava e ia cair.Mas não , o acordo na Educação e as negociações para aprovar o orçamento de Estado mostram que vai durar muito mais do que cem dias e se calhar vai durar os quatro anos e isso equivale a 1440 dias. Por este andar como as coisas estão, ninguém vai ter a veleidade de derrubar o governo antes do fim da legislatura . Só se muita coisa mudar - líder da oposição ( PSD ) com ideias suicidas e outro Presidente da República.
As consequências da guerra dos 100 ano deixou um saldo de milhares de mortos em ambos os lados, e uma devastação sem precedentes nos territórios e na produção agrícola francesa, liquidou com as pretensões inglesas sobre territórios na França , entre outras coisas. Poderá, enfim, dizer-se que a Guerra dos Cem Anos marca o final da Idade Média e anuncia a Época Moderna.
Esperemos que estes cem dias de Governo sejam um bom pronúncio para os portugueses com a anunciada criação da conta para bebés com um depósito inicial de 200 euros . É pouco ,mas é melhor do que nada ,com uma poupança de 100 euros por ano, um jovem pode chegar aos 18 anos com um saldo entre 2.500 e 2.700 euros (1.800 euros mais os 200 euros pagos pelo Estado, acrescidos de juros).É um investimento no futuro para as crianças e os jovens a longo prazo, conta com juros mais favoráveis, os pais podem depositar o dinheiro e obter incentivos fiscais em sede de IRS e, por último, pode ser movimentada aos 18 anos e beneficia de todas as condições favoráveis se o jovem terminar a escolaridade obrigatória. O Governo calcula que esta medida social chegue a 100 mil crianças. Bem visto! Mais medidas destas precisam-se...