07/01/2010

CAI SOBRE MIM FEITO ONTEM


Caro JJ:
Depois duma constipação demasiado prolongada,resolvi dar volta ao meu "arquivo morto".No meio daquele arquivo apareceu-me uma revista, FLAMA; de Agosto de 1974.Já lá vão 35 anos, mas não deixei de reler alguns artigos.
Pensei em retirar excertos de uma entrevista de Natália Correia e, enviá-los, para avaliar o carácter desta MULHER.
Acho que foi escrito em 2009...Ontem!...

Aproveitei para título uma frase de Mário de Sá Carneiro:
"Para mim é sempre ONTEM,não tenho AMANHÃ nem HOJE:
O tempo que aos outros FOGE...
CAI SOBRE MIM FEITO ONTEM...

FLAMA(F)-E como escritora,como poeta, qual o seu papel numa sociedade dita livre, dita não oprimida?
NATÁLIA CORREIA (N.C.)- Acaso existe alguma sociedade que possa ser considerada não oprimida?A opressão política é só um dos aspectos das formas repressivas que alienam os homens. Estas derivam de um condicionamento psicossocial que desarma o homem para empreender a conquista da sua própria humanidade e liberdade. O papel do escritor é o de empenhar-se incessantemente nas modificações que potencializem as aspirações do homem a habitar um mundo onde não viva num permanente e frustado estado de adiamento.
F.-De que forma encara o escritor-partidário?Como o representante, a verdadeira voz do seu povo e da verdadeira poesia?
N.C.-O escritor partidário não pode representar a voz do seu povo porque nenhum partido a representa globalmente. Mas mesmo que tal partido seja numericamente muito representativo, não poderá servir de elo entre a voz do povo e a do poeta.O nexo não se estabelece por via política e programática, mas natural e afectiva. Cuidado com tais especulações.Servir o povo é dar-lhe o melhor, e o melhor significa a verdadeira poesia que, por sê-lo, nunca foi nem será praticada por alunos aplicados da retórica partidária.Não nos esqueçamos que a democracia também serve para rotular totalitarismos e que só se exerce integralmente quando emana da vontade de homens com imaginação e conhecimento intectual suficientes para resistirem às manipulações do poder ou dos partidos que a este se candidatam.
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JJ, que acha ? Que devemos pensar?Afinal, qual foi a mudança, nestes anos ?

Até amanhã! Até sempre!

Júlia Príncipe