Assisti há dias a uma reportagem passada em Moçambique com o título: “eu e os meus irmãos” ,que me deixou com aquela sensação de: “um murro no estômago”, e ao mesmo tempo, no final da reportagem, as lágrimas que não pode conter…São crianças e adolescentes que ficaram órfãos de pais que morreram infectados com HIV e que por isso são criados muitas vezes pelo irmão mais velho, ou cada um cuida de si; algumas crianças ainda cuidam de um dos progenitores que aguarda “a partida”. São crianças que nada têm, mas têm um sorriso e um brilho nos olhos que “magoa”. Os parcos brinquedos (se assim podem chamar) são inventados e feitos por eles e brincam com uma alegria que nem todos as Playstations do mundo fariam as “nossas crianças ” ter aquela alegria e brilho nos olhos.A comida, uma vez por dia, é feita com coco ervas, ou raízes comestíveis. O pão, quando há algum dinheiro que os mais velhos conseguem quando têm trabalho, são cinco pães para dez bocas famintas. Com tão pouco, são adolescentes com sonhos tão simples como: ser mecânico ou carpinteiro! Nuns dos momentos da reportagem, é perguntado a um dos adolescentes o que ele pede a Deus e ele responde: ficar junto dos meus irmãos e sermos felizes. No final da reportagem a jornalista pergunta-lhe o que ele gostaria de pedir, e ele, com a dificuldade de quem está habituado a nada pedir, meditando durante algum tempo, e os lindos olhos brilhando responde: nada…, está tudo bem.Que grande lição de vida estas crianças dão a todos nós que vivemos neste mundo materialista consumista, e sempre nos lamentados! Que belo presente de Natal os pais dariam ás “nossas crianças” que tudo têm e vivem reclamando se as fizessem ver esta reportagem e no final lhes dissessem: este ano, os dinheiros que gastaríamos em presentes que vocês não precisam nem valorizam, vocês irão dar a esse meninos que nada têm….Quem sabe se um dia estas “nossas crianças” quando fossem adultas se lembrariam deste lindo presente de Natal que um dia “receberam"
Hercília Oliveira
Hercília Oliveira
