Embora os portugueses tenham constantemente a evidência da ditadura a que estão submetidos, continuam a não quererem ver, como quem deliberadamente tapa os olhos com uma venda.
As últimas eleições gerais deram mais uma prova desse facto. Ao longo dos quatro anos de governação Sócrates, a degradação do país acelerou-se enormemente, com a economia a crescer cada vez menos, com a grande maioria dos portugueses a sofrerem o maior corte de sempre no seu nível de vida (que esperavam que subisse, em vez de descer) e com os ricos cada vez mais ricos, enquanto a maioria - chamada classe média - foi ficando cada vez mais pobre. E tudo isto aconteceu antes da crise mundial, que só estalou na segunda metade de 2008.
Eram numerosíssimos os que declaravam que tinham votado em Sócrates - acreditando nas promessas tão belas! - mas que não voltariam a fazê-lo, dado o descaramento com que a tudo faltou e o referido grande corte no nível de vida que lhes tinha causado.
Vieram as eleições e, embora com muito menos eleitores do que em 2005 e sem a maioria absoluta, o PS - e, portanto, o seu chefe Sócrates - aparece como o partido mais votado e por esse facto a indicar o Primeiro Ministro.
Muitos dos que tinham declarado não voltar a votar em quem tanto mal tinha causado explicaram que o fizeram "por não terem alternativa". Não votariam nos comunistas (CDU e BE) porque não estavam interessados em ter em Portugal um sistema totalitário como o da União Soviética, o tal "sol da terra". Não votavam no CDS porque, embora Paulo Portas mereça elogios como parlamentar, não só o partido não apresentou um programa suficientemente credível como, sendo provável que não pudesse ultrapassar o PS, não valia a pena. E não votariam no PSD porque o Primeiro Ministro seria a Dr.ª Manuela Ferreira Leite. Além de também não apresentar um programa credível, lembravam-se de ter sido Ministra das Finanças (e também da Educação) e também, como todos os outros, tinha funcionado muito mal. Portanto, "não tinham alternativa" porque temiam que ela ainda fizesse pior que Sócrates.
Se os portugueses raciocinassem e vissem a evidência da ditadura partidocrática a que estão submetidos, teriam há muito questionado - e derrubado! - o sistema antidemocrático que não permite a qualquer cidadão, se o desejar, candidatar-se a deputado, e só dá a 8 milhões de eleitores "licença" para escolherem uma de meia dúzia de listas (com ordem fixa!), elaboradas ditatorialmente por meia dúzia de pessoas. Em qualquer parte do mundo um tal sistema é ditadura.
Seria fácil corrigir o sistema com "pequenas" (mas significativas) alterações da Constituição(1) e até para eleger o Primeiro Ministro(2) e passarmos a viver em democracia. Bastava que todas as eleições fossem da mesma forma que elegemos o Presidente da República (as únicas democráticas em Portugal) e já "teríamos todas as alternativas" para colocar no parlamento e no governo pessoas capazes de fazer o país sair do pântano em que a ditadura partidocrática o tem afundado e que o mantém na cauda da Europa.
Miguel Mota
As últimas eleições gerais deram mais uma prova desse facto. Ao longo dos quatro anos de governação Sócrates, a degradação do país acelerou-se enormemente, com a economia a crescer cada vez menos, com a grande maioria dos portugueses a sofrerem o maior corte de sempre no seu nível de vida (que esperavam que subisse, em vez de descer) e com os ricos cada vez mais ricos, enquanto a maioria - chamada classe média - foi ficando cada vez mais pobre. E tudo isto aconteceu antes da crise mundial, que só estalou na segunda metade de 2008.
Eram numerosíssimos os que declaravam que tinham votado em Sócrates - acreditando nas promessas tão belas! - mas que não voltariam a fazê-lo, dado o descaramento com que a tudo faltou e o referido grande corte no nível de vida que lhes tinha causado.
Vieram as eleições e, embora com muito menos eleitores do que em 2005 e sem a maioria absoluta, o PS - e, portanto, o seu chefe Sócrates - aparece como o partido mais votado e por esse facto a indicar o Primeiro Ministro.
Muitos dos que tinham declarado não voltar a votar em quem tanto mal tinha causado explicaram que o fizeram "por não terem alternativa". Não votariam nos comunistas (CDU e BE) porque não estavam interessados em ter em Portugal um sistema totalitário como o da União Soviética, o tal "sol da terra". Não votavam no CDS porque, embora Paulo Portas mereça elogios como parlamentar, não só o partido não apresentou um programa suficientemente credível como, sendo provável que não pudesse ultrapassar o PS, não valia a pena. E não votariam no PSD porque o Primeiro Ministro seria a Dr.ª Manuela Ferreira Leite. Além de também não apresentar um programa credível, lembravam-se de ter sido Ministra das Finanças (e também da Educação) e também, como todos os outros, tinha funcionado muito mal. Portanto, "não tinham alternativa" porque temiam que ela ainda fizesse pior que Sócrates.
Se os portugueses raciocinassem e vissem a evidência da ditadura partidocrática a que estão submetidos, teriam há muito questionado - e derrubado! - o sistema antidemocrático que não permite a qualquer cidadão, se o desejar, candidatar-se a deputado, e só dá a 8 milhões de eleitores "licença" para escolherem uma de meia dúzia de listas (com ordem fixa!), elaboradas ditatorialmente por meia dúzia de pessoas. Em qualquer parte do mundo um tal sistema é ditadura.
Seria fácil corrigir o sistema com "pequenas" (mas significativas) alterações da Constituição(1) e até para eleger o Primeiro Ministro(2) e passarmos a viver em democracia. Bastava que todas as eleições fossem da mesma forma que elegemos o Presidente da República (as únicas democráticas em Portugal) e já "teríamos todas as alternativas" para colocar no parlamento e no governo pessoas capazes de fazer o país sair do pântano em que a ditadura partidocrática o tem afundado e que o mantém na cauda da Europa.
Miguel Mota