03/12/2009

Ainda a Guerra do Ultramar


Desculpar-me-á,voltar a referir-me ao assunto em epígrafe,mas de facto, analisando bem e em profundidade, as figuras (eu falo por mim) que andei a fazer durante cerca de 4 anos e meio como combatente em Moçambique,conforme amostra junta, chego á conclusão, que hoje voltaria a fazer a mesma coisa. Mas do que se fala muito pouco são dos homens, naturais daqueles territórios que combateram ao nosso lado. Comandava então um grupo de Milícias de Intervenção. A maior parte eram homens que tinham vindo da FRELIMO,ou capturados e reconvertidos por nós,ou que da mesma organização tinham desertado e passavam a combater os seus ex-camaradas. Como se vê também pela foto junta,eu era fisicamente (para os padrões de hoje) muito "fraquinho". Mas esses 55 quilos de peso,nunca me impediram de,tal como Brito Capelo e Roberto Ivens (se calhar também eram fascistas ???) percorrer as densas florestas, de atacar quando era necessário e de merecer aquilo que para mim é mais sagrado: O Direito de ser Homem!

Porque será que não se fala,nos Milícias e Comandos,naturais de Angola,Moçambique e Guiné, que foram impiedosamente fuzilados depois da retirada das nossas tropas,naqueles territórios ? O que foi feitos desses homens, que a nossa "Democracia" abandonou miseravelmente à sua sorte,desarmados e entregues a si próprios ?
Ainda não há muitos anos,por maioria de razão,tive oportunidade de encarar pessoalmente com alguns dos algozes-chefes desses antigos camaradas de armas, em Lisboa.

Um deles,o da Guiné,já provou da mesma receita,ponto final. Outro da Guiné,responsável pelo assassinato a sangue frio de alguns oficiais do Exercito Português,também em terras da Guiné Bissau,também por cá andou a viver a expensas do Estado Português,até há algum tempo atrás. Faleceu de doença aqui,na terra dos que assassinou cobardemente,protegido pelo estado que nega aos seus filhos ex-combatentes o miserável naco de pão duro,que nunca negou aos assassinos desses filhos de Portugal, bem pelo contrário.
Um Estado que assim tem vindo a proceder não merece mais chamar-se de País. Haja vergonha e decoro, já que a moral e a ética foi enterrada há muitos anos pelos carrascos da Pátria.



Oliveira Neves