18/10/2009

Direita, Esquerda e Independentes


Sempre que há eleições, levanta-se a questão dos chamados Independentes.
A questão dos Independentes requer, de facto, um amplo e sério debate, enquadrando, nas devidas proporções, a interacção entre o indivíduo, o indivíduo-instituição e o Estado- Nação.
A forma mais recente de organizar o Estado é a Democracia, com ideologias conservadoras e progressistas (Direita e Esquerda) e que tendencialmente se alternam no poder através de grupos de pessoas que formam os Partidos. Ou seja, é através dos partidos que as pessoas se organizam, em primeira instância, para alcançar o Poder. Repare-se que, mesmo no caso do Presidente da República, é praticamente impossível, um indivíduo candidatar-se a esse lugar sem o apoio declarado de Partidos.
É natural que, em situações de desagrado do Povo para com os Partidos, haja a tentação de se apelar aos chamados Independentes. O caso é que, sabendo nós que os membros dos partidos têm o seu comportamento condicionado às orientações das suas doutrinas orientadoras, também os Independentes, como humanos que são, ao alcançar o poder e sendo forçados a exercer determinadas funções de acordo com regras definidas pelo Estado, acabam inexoravelmente por perder uma grande parte da sua identidade pessoal. Acabam por não justificar a sua qualidade de Independentes, na acepção de se apresentarem subordinados somente à sua personalidade teoricamente identificada com pessoas que não querem impor o seu desejo e interesses pessoais.
Ora, como o Estado actual já cresceu muito, talvez demasiado em relação ao que a sociedade almejava inicialmente, ele próprio detém uma teia intrincadíssima praticamente indestrutível, o que limita automaticamente a tentação dos Independentes poderem eles próprios, exercer o Poder duma forma descomprometida.
É que se assim o tentarem a organização democrática do Estado penalizá-los-á, apeando-os das suas funções.
A auto-regulação do Estado-Nação é feita pelos políticos, os que integram os Partidos e que para defenderem as suas posições de chefia e poder, recorrem à força implacável do sistema político democrático.

Que concluir? O sistema político/administrativo do Estado baseia-se na Democracia.
Os independentes são ou não representantes dessa Democracia, que, diz a Constituição, é representativa? Como levar os ditos independentes para o interior do Parlamento?

Através dos e só dos Partidos? Poderemos, desta forma, falar em Democracia?


António Nunes