“Significa isto que estamos perante uma
Indiciação segura de condutas assumidas
Pelos arguidos com uma gravidade assina-
lável, em especial aquelas que lhes permi-
tem imputar a prática de um crime de burla
qualificada (de que terão retirado elevadís
simo proveito económico”
(in, DN 09.09.09, frase do Juiz)
Pois a questão central do país em que vivemos é mesmo esta ideia de que as elites se protegem. O Ministério Público apresenta provas que o próprio Juiz assume como irrefutáveis e, mesmo assim, subjectivamente, ainda que perante quem pôs em duvida toda a imagem de isenção do sistema financeiro português, perante quem abusou de dos Clientes do seu Banco, o BCP, demonstrando uma total falta de respeito para com os outros, e para com a Lei, este mesmo Juiz entende que por um dito comportamento “sem mácula” “no desenrolar do processo”, e apesar de estarem em causa abusos, para não dizer roubos de 24 milhões de euros e percas do BCP de 600 milhões de euros, os cinco acusados, estarão obrigados somente ao “Termo de Identidade e Residência”, podendo viajar no avião que exigiram ao BCP, desde que comuniquem as saídas do País.
É tal aceitável?
Não, é absolutamente inadmissível, em nome de uma sã economia de mercado, de uma essencial transparência de comportamentos, por parte de quem esteve autorizado a gerir as Contas dos Outros, de todos nós, Clientes do BCP, como eu.
Conhecemos as histórias dos empréstimos ao filho, ao que consta não devolvidos, por parte do sr. Jardim Gonçalves, como conhecemos os lobbies que envolvem estes cinco, senhores, que passam pelo PSD e pela Opus Dei e, por isso, o indisfarçável sentimento de poder, de imunidade absoluta em que viveram.
Foi com este governo, socialista, de José Sócrates, e com este Banco de Portugal, de Vitor Constâncio, que a banca começou, mesmo que timidamente, a ser confrontada com a necessidade de, nela, os Clientes verem – Responsabilidade Social e Ética Empresarial.
O “radical” Anacleto Louçã o que fez? Atacou o Banco de Portugal e Vitor Constâncio, ao lado do CDS e nada fez para pôr fim a este inefável sentimento de impunidade.
E é esse sentimento que permite que um Juiz aceite, para estes cinco gangsters, o que não aceitaria para um simples cidadão que, desesperado, tivesse cometido um crime contra a propriedade!
Mas o que estes cinco senhores fizeram foi mais que crimes contra a propriedade, foi tal e foi o inequívoco abuso da confiança que os Clientes demonstram ter para com a Banca!
O que afectou claramente a Imagem de toda a Banca Portuguesa!
É natural que o elitismo “radical” de Anacleto Louçã o faça esquecer estes crimes.
Mas é impensável que o Juiz, por o ser, continue a pensar que estamos ao tempo dos tempos da Revolução Industrial.
Porque não estamos.
E é a Imagem de todo um país, de toda uma economia, de todo um sistema financeiro, que fica em causa com estes comportamentos.
O que é inadmissível!
Mas, lamento dizê-lo, chegou o tempo de explicar porque passei, desde há algum tempo a denominar Francisco Anacleto Louçã, vulgo Francisco Louçã, por Anacleto Louçã.
Por uma razão simples – pelo Francisco Louçã até tinha alguma simpatia. Era um assumido Socialista Revolucionário, da revolucionária IV Internacional, que ia assumindo que as ditaduras revolucionárias do proletariado tinham fracassado, mesmo que tal custasse assumir, dadas as relações de amizade com Ernst Mandel…
Mas este cidadão que, ontem, na televisão diz que “sempre fui socialista laico e republicano”, deturpando, no mínimo, o seu passado, de socialista revolucionário, e portanto tudo mesmos socialista, laico e republicano, e ele sabe-o, esquecendo a radical diferença entre um socialista revolucionário e um socialista, ideológica, politica e historicamente, este cidadão que mente não mentindo, que se assume, mesmo mentindo, como acima de toda a critica, ao contrário dos Outros, este cidadão não é o Francisco Louçã, é, quando muito, um clone do Francisco Louçã.
Por isso, só pode ser, Anacleto Louçã.
O Francisco Louçã não é de certeza.
O Francisco Louçã, nas mais difíceis circunstâncias, sempre defendeu a Unidade de Esquerda, PS/PCP/restante Esquerda, (e recordo os mais que inacreditáveis e soezes ataques do PCP a Mário Soares).
Este Anacleto Louçã defende sim a vitória eleitoral do PSD de Manuela Ferreira Leite, um PSD que nada tem a ver com o PSD do Centro que conhecemos anos a fio.
Este é o PSD populista e direitista de Alberto João Jardim, que destrói as Finanças do Estado português para construir uma estrada para a casa da antiga ama dos filhos de Alberto João!
Nada a Fazer com Anacleto Louçã.
Francisco Louçã estaria, como eu, escandalizado com este país deste Juiz. Anacleto Louçã compraz-se com tal e critica Sócrates tal qual a joaninha “voa voa”, que fala em “portugais moderninhos” para que nada mude.
Joffre Justino