11/08/2009

ERC - IMPRENSA



















Joaquim Jorge


A Entidade Reguladora da Comunicação Social ( ERC ) emitiu uma directiva que determina que os média devem suspender as colaborações e a participação de comentadores , colunistas e analistas que sejam candidatos eleitorais às legislativas e à autárquicas desde que não haja espaço para todos se exprimirem .

A maioria das direcções das televisões jornais e rádios estão unidos contra estas regras . Fico surpreendido ! Eu sou completamente a favor da pluralidade e da liberdade de expressão multifacetada . O que vemos nas televisões e resto da imprensa são sempre os mesmos . Este inner circle em que são escolhidos por serem amigos , interesses e critérios que os portugueses não conhecem. Ultimamente é a moda dos politólogos que são convidados para tudo e mais alguma coisa .

Marcelo Rebelo de Sousa comenta tudo e mais alguma coisa e chegando ao desplante de comentar os seus próprios comentários . A sua presença assídua na TV , permite-lhe sempre prefigurar-se como eterno candidato a quase tudo : líder do PSD , Presidente da República , etc.
António Costa na quadratura do circulo na SIC Noticias , meio-irmão do meu amigo Ricardo Costa , tira naturalmente vantagem na contenda para Lisboa com Pedro Santana Lopes . Fala-se muito da promiscuidade entre o futebol e a politica , mas há comentadores que comentam politica e futebol , Fernando Seara , etc. Enfim ! Poderia dar inúmeros exemplos ...

As direcções da imprensa têm a mania de quase sempre convidar pessoas de filiação partidária esquecendo-se que grande parte da população não vota e abstém-se , à volta de 40% em média . Talvez dar voz a quem quer mudar este estado de coisas e faz coisas interessantes . Para se ser conhecido é necessário ser desconhecido . Ser conhecido não é sinónimo de qualidade e inteligência. Deve sim ,alargar a oportunidade de intervenção a outras pessoas , contribuir para uma maior participação e possibilidade de escolha dos cidadãos . Rejuvenescendo a vida política e melhorando a democracia .

Aliás , com gente de bem e com nível , deveriam de motu proprio auto-suspenderem as suas actividades na imprensa, sendo candidatos . Claro , eu sei , dá jeito aparecer . E, a vantagem é nítida por muito que digam que não . Aliás a sua vantagem à priori que tiveram ao longo do ano não pode ser contabilizada mas ela é notória e real. Quem não aparece , esquece-se e não existe .Quem nunca apareceu nunca existiu .

Esta directiva que é meramente vinculativa deveria ser deliberativa e não só em eleições mas ao longo do ano. Deveria haver uma lei de imprensa na defesa da pluralidade e isenção e não só dos partidos. Quem define o que é noticia , quem deve ir à televisão , o que é importante ou não , falar com A ou B são os senhores sentados nas suas secretárias que laconicamente mandam dizer que é o «seu critério editorial» . O que é o critério editorial ? Em que se baseia ? Qual os seus itens ? E pressupostos ? Por que vai o Sr. A e não o Sr. B ? Falam dos políticos mas parecem muito piores com os seus galões , prerrogativas e snobismos.
Desculpem mas este é um poder arbitrário e prepotente , dizem-se muito democratas , mas no fim de contas fazem o que querem , a seu bel-prazer e nada se pode fazer . É a ditadura da imprensa . Ressalve-se alguma imprensa , porque há jornalistas , nobres , éticos e moralmente bem formados.
No privado compreendo mas não aceito . Porém , na imprensa pública ( RTP , Antena1 , etc. ) paga pelos impostos de todos nós é inadmissível e lamentável.