As eleições, especialmente as de âmbito nacional, custam muito dinheiro aos que trabalham e pagam impostos, além de perdas de produtividade pois durante muitos dias um grande número de pessoas nada mais faz do que ocupar-se dessa improdutiva propaganda. Qualquer país inteligente e particularmente se for um país pobre, deve fazer os possíveis por reduzir esse gastos. Quando, num ano, há vária eleições, o mais natural é fazê-las todas ao mesmo tempo, como sucedeu há menos de um ano nos Estados Unidos em que, além das presidenciais, se realizaram outras, simultaneamente.
Todos os partidos com assento na Assembleia da República menos o PSD se opuseram a essa medida alegando que, se fossem ao mesmo tempo, umas podiam influenciar outras, ou seja, passando aos portugueses um atestado de parvinhos que não sabem o que querem. Suspeita-se que essa "influência" se baseava no facto de no últimos tempos o PSD ter mais Câmaras Municipais e por isso desejavam que fossem as últimas, como, aliás, vão ser.
Apesar do descontentamento geral, consequente de nos últimos quatro anos a grande maioria dos portugueses ter sofrido o maior corte de sempre no seu nível de vida, resultado do aumento dos impostos, taxas, etc. e corte de numerosos serviços e benefícios vários - tudo ao contrário das muitas promessas durante a campanha - a intensa propaganda do governo tentava criar a ideia de que a única dúvida era se o PS teria ou não maioria absoluta. Não se admitia a hipótese do PS não ter mais votos que qualquer outro partido e uma boa parte da comunicação social, como sempre pró PS, considerava impensável que esse partido não tivesse maioria. Isso era também o que aparecia como resultado de todas as sondagens, nas últimas das quais apenas uma dava a maioria ao PSD. Algo estranho, em virtude do generalizado descontentamento por tudo quanto a maioria sofreu.
Para descrédito da propaganda governamental e das sondagens, nas eleições para o Parlamento Europeu, o PSD teve mais cinco pontos percentuais dos votos do que o PS. Caía por terra toda a pretensa invencibilidade do partido que ainda - e tão mal! - nos governa. Pode mesmo dizer-se que o tiro saiu pela culatra porque aqueles resultados deram uma alma nova aos outros partidos. Afinal, o PS não era invencível e nasceu a esperança de que em breve seja substituído, pois acredita-se que, depois destes anos da maior perda de poder de compra sofrida pela maioria dos portugueses e de grande protecção à minoria de mais ricos, o próximo governo não se atreverá a fazer a política destrutiva sofrida nos últimos quatro anos. Sem liberdade para elegerem quem desejam, sujeitos os 8 milhões de eleitores a votarem apenas em quem uma meia dúzia de pessoas lhes dão "licença", ficam limitados a escolher a que lhes parece "menos pior" dessas listas. Não podendo eleger quem desejariam, apenas lhes resta mandar embora quem tanto mal lhes causou. Por muito fraca que seja a escolha, não parece provável que seja pior.
Depois de marcadas as eleições gerais para 27 de Setembro, competia ao Sr. Presidente da República marcar a data das eleições autárquicas. De acordo com os argumentos já referidos, poderia tê-las marcado para o mesmo dia das eleições gerais e algo se economizaria. Preferiu marcá-las para Outubro. Penso que fez bem. Se as tivesse marcado para 27 de Setembro, imagina-se a choradeira que iríamos ouvir, que estava a favorecer o PSD, que os resultados foram aqueles porque estavam influenciados pelas autárquicas, etc. etc. etc. Essa desculpa já não pode existir.
Novos partidos, para além dos que têm tido assento na Assembleia da República, vão concorrer a estas eleições. Sem os portugueses terem liberdade de eleger quem lhes merece confiança, seria excelente se algum desses partidos aparecesse com um programa credível (e não meras declarações de intenções), apresentado por pessoas com competência e honestidade demonstradas.
Apesar do descontentamento geral, consequente de nos últimos quatro anos a grande maioria dos portugueses ter sofrido o maior corte de sempre no seu nível de vida, resultado do aumento dos impostos, taxas, etc. e corte de numerosos serviços e benefícios vários - tudo ao contrário das muitas promessas durante a campanha - a intensa propaganda do governo tentava criar a ideia de que a única dúvida era se o PS teria ou não maioria absoluta. Não se admitia a hipótese do PS não ter mais votos que qualquer outro partido e uma boa parte da comunicação social, como sempre pró PS, considerava impensável que esse partido não tivesse maioria. Isso era também o que aparecia como resultado de todas as sondagens, nas últimas das quais apenas uma dava a maioria ao PSD. Algo estranho, em virtude do generalizado descontentamento por tudo quanto a maioria sofreu.
Para descrédito da propaganda governamental e das sondagens, nas eleições para o Parlamento Europeu, o PSD teve mais cinco pontos percentuais dos votos do que o PS. Caía por terra toda a pretensa invencibilidade do partido que ainda - e tão mal! - nos governa. Pode mesmo dizer-se que o tiro saiu pela culatra porque aqueles resultados deram uma alma nova aos outros partidos. Afinal, o PS não era invencível e nasceu a esperança de que em breve seja substituído, pois acredita-se que, depois destes anos da maior perda de poder de compra sofrida pela maioria dos portugueses e de grande protecção à minoria de mais ricos, o próximo governo não se atreverá a fazer a política destrutiva sofrida nos últimos quatro anos. Sem liberdade para elegerem quem desejam, sujeitos os 8 milhões de eleitores a votarem apenas em quem uma meia dúzia de pessoas lhes dão "licença", ficam limitados a escolher a que lhes parece "menos pior" dessas listas. Não podendo eleger quem desejariam, apenas lhes resta mandar embora quem tanto mal lhes causou. Por muito fraca que seja a escolha, não parece provável que seja pior.
Depois de marcadas as eleições gerais para 27 de Setembro, competia ao Sr. Presidente da República marcar a data das eleições autárquicas. De acordo com os argumentos já referidos, poderia tê-las marcado para o mesmo dia das eleições gerais e algo se economizaria. Preferiu marcá-las para Outubro. Penso que fez bem. Se as tivesse marcado para 27 de Setembro, imagina-se a choradeira que iríamos ouvir, que estava a favorecer o PSD, que os resultados foram aqueles porque estavam influenciados pelas autárquicas, etc. etc. etc. Essa desculpa já não pode existir.
Novos partidos, para além dos que têm tido assento na Assembleia da República, vão concorrer a estas eleições. Sem os portugueses terem liberdade de eleger quem lhes merece confiança, seria excelente se algum desses partidos aparecesse com um programa credível (e não meras declarações de intenções), apresentado por pessoas com competência e honestidade demonstradas.
Miguel Mota