Joaquim Jorge
Portugal é uma novela negra , em que existe um paradigma aceite como natural , em relação à corrupção , ser saltimbanco e mudar de bando para se ter um posto , ter que se mentir não dizendo o que se pensa nem fazer o que se diz. A liberdade de expressão converte-se em delito . Usa-se o medo para saciar as liberdades e oferecer uma falsa segurança .
Vem isto a propósito do relatório sobre a avaliação da gestão de riscos de corrupção na contratação pública : falta de verificação de trabalhos a mais nas empreitadas ; ausência de verificação dos termos em que os contratos são celebrados ; falta de controlo sobre conflitos de interesses e favoritismo; ausência de sensibilização dos funcionários públicos para a intolerância face a casos de corrupção .
Criou-se o Conselho de Prevenção da Corrupção ( CPC ) proposto há três anos por João Cravinho que entretanto não sendo aceite pelo seu partido PS , viajou para Londres . Ainda há gente com valor ético e responsabilidade em Portugal , porém na altura não se liga nada e depois faz-se o que essa pessoa diz , de outra forma . Cravinho propôs na altura planos de risco obrigatórios . A elaboração anual de planos de prevenção da corrupção com medidas preventivas de tráfico de influências , de corrupção , peculato, participação económica em negócios e conflito de interesses.
Com este relatório vem-se dar razão a alguém ( João Cravinho ) que tinha alertado pela ausência grave de fiscalização do Estado e tolerância face a situações pouco claras.
Também nesta maneira de ser , somos exímios e negros : dar valor aos de fora e só reconhecer o valor dos nossos quando é reconhecido pelos de fora. Ou apropriarmo-nos de uma ideia de outrem como se fosse nossa.