11/07/2009

José Sócrates com a cabeça a prémio


Francisco Azevedo Brandão


Que as hostes socialistas andam desnorteados após a derrota das Europeias, é um facto indesmentível, testemunhado na imprensa por alguma das suas vozes mais representativas que, nos últimos tempos, têm vindo desassombradamente a criticar as medidas avulsas tomadas pelo primeiro-ministro, a reboque das ideias e processos dos seus adversários políticos. A sua decisão precipitada e fora do tempo em proibir os candidatos socialistas a presidentes de Câmara de se canditarem às legislativas, foi a espoleta que fez desencadear dentro do aparelho, as críticas mais contundentes contra esta mudança de regras a meio do jogo. É que esta insólita e inesperada decisão, motivada, como se sabe, pela polémica levantada nas Europeias pelos casos de Ana Gomes e Elisa Ferreira, veio apanhar de surpresa tanto os presidentes das federações distritais como o próprio líder parlamentar, Alberto Martins, mas sobretudo a bancada parlamentar socialista que não se coibiu, corajosa e resolutamente, de lançar sobre José Sócrates os libelos de «falta de lealdade», «decisão extemporânea» e «timing pouco curial». Resumindo, pode-se dizer que José Sócrates começou a ter a cabeça a prémio, não obstante a sua pressa em querer emendar a mão à palmatória no que concerne à sua desastrosa política cultural que foi nenhuma. reunindo-se hoje mesmo com um grupo de artistas - músicos, actrizes, escritores e encenadores - para ajudarem a fazer o programa eleitoral para a área da cultura, assumindo a sua «fraca aposta» na cultura como um dos erros do seu mandato governamental. Mas a estocada de morte foi dada hoje também por Manuel Alegre no «Expresso», através do seu artigo de opinião «É Urgente Acordar», no qual escreve claramente aquilo que os seus correligionários sopram ao ouvido: «Que querem o PS, não o seu líder». Na verdade, são inequívocas deste sentimento as seguintes passagens do artigo de Manuel Alegre: « Seria preciso que os socialistas acordassem do seu torpor e que dentro do PS se ouvissem vozes a exigir uma mudança não só de estilo, mas de pessoas e de políticas...». E mais adiante, na mesma linha de pensamento: «Ainda é possível dar a volta. Mas algo tem de acontecer. Apesar dos erros, a bandeira do PS não está no chão.Mais política e menos marketing. Mais socialistas e menos figurantes..».

Para bom entendedor, meia palavra basta!