Jorge Miranda bateu com a porta e não vai mais sujeitar-se à agonia e passar pelo crivo dos senhores deputados que apesar do voto ser secreto cumprem ordens dos directórios partidários.O seu nome já foi duas vezes sufragado na Assembleia da República e não teve os tais famigerados dois terços de votos dos 230 deputados. Teve uma maioria de votos mas não chegou. Não sei por que é que para se eleger um Provedor da Justiça são necessários dois terços e não uma maioria simples? A craveira intelectual e a reputado reconhecimento de um dos melhores constitucionalistas português deveria ter evitado esta vergonha e humilhação . Tem a seu favor que nomes como António Arnaut , Rui de Alarcão e Freitas do Amaral também foram recusados.
À dificuldade de consensos e de integração , é necessário advogar e consolidar uma cultura política que favoreça os pactos , a que os sociólogos e politólogos denominam a «democracia pactada». É necessário estabelecer mecanismos da tradicional democracia representativa mas também ter um guia hermenêutico da Constituição e fomentar a alternância democrática que fortaleçam as instituições . Este caso paradigmático da falta de democracia pactada que se está a passar com a eleição do Provedor da Justiça , pondo em causa alguém com a honorabilidade de Jorge Miranda e da instituição que iria representar . O Provedor de Justiça é um órgão independente , sendo o seu titular designado pela Assembleia da República ( 2/3 dos deputados) em que os cidadãos podem apresentar queixas por acções ou omissões dos poderes públicos.