José Magalhães
Durante os últimos dias, estive ausente. Não do País nem tão pouco da cidade. Também não estive afastado dos acontecimentos recentes. Afazeres vários, que se prenderam com mudanças de vida, de casa, e outros, provocaram um aparente afastamento.
Aparente, só mesmo na aparência, uma vez que não deixei de estar atento aos acontecimentos da Bela Vista que são preocupantes e que se espera não alastrem ao resto do País, à nova greve dos enfermeiros, aos casos suspeitos e/ou confirmados de pessoas infectadas com o vírus da gripe A e às informações que a srª Ministra nos vai dando no sentido de retirar a carga emocional e fazer com que o pânico não apareça, aos cerca de trinta e cinco mil caminhantes que rumam a Fátima, à vitória do F.C.Porto no jogo com o Nacional e que lhe valeu o quarto campeonato seguido fazendo deste clube o melhor de Portugal e arredores, à mudança de treinador na Luz sendo que seja ele quem for não impedirá o novo Penta do FCP, à continuação do FreeportGate que já cansa e nunca mais acaba, à visita do Presidente à Turquia, à continuação da luta dos professores, e a mais uma data de coisas que se vão passando pelo nosso País e em especial na minha cidade.
Para além de tudo isto, e dos meus afazeres últimos, lá arranjei um tempito para ir ouvir o dr Henrique Medina Carreira, ontem, no Clube dos Pensadores. A começar pelo jantar privado que antes do debate juntou uns quantos amigos do Clube e o convidado de honra, e que foi extremamente agradável, e a continuar na magnífica "aula" dada por Medina Carreira e que foi bem esclarecedora do seu pensamento, tudo foi conseguido de molde a terminar com chave de ouro o actual ciclo de debates do Clube de Pensadores. Como de costume as intervenções dos presentes, questionando o orador foram muitas, terminando o debate, duas horas depois, com a sensação de ter "sabido a pouco". De facto apetecia continuar a ouvir este brilhante advogado, desfiar com uma clarividência enorme, o que pensa de Portugal e dos seus governantes, o que pensa dos problemas do nosso País, quais as razões desses problemas e quais as soluções que ninguém quer ver. Parecendo um pessimista inveterado, não é mais que um esclarecido inteligente, que nada deve a ninguém, politicamente incorrecto, e possuidor de soluções que não interessam a quem necessita dos votos dos cidadãos para continuar a viver.
Foi uma sessão de esclarecimento da situação de Portugal e do caminho que estamos a trilhar, rumo ao abismo. Eu, e muitos dos presentes, saímos da "sala de aula", com vontade de mudar muita coisa, e com uma sensação de impotência total, face às quase nenhumas alternativas que os políticos mandantes e as políticas vigentes nos dão.
Saí com a noção de que, não aceitando a abstenção nas próximas eleições, não tenho ninguém que mereça o meu voto. Da direita à esquerda, todos prometem o que sabem que é impossível dar. Todos nos tentam enganar. Todos querem ser mandantes, nenhum se importa com a verdade e com a prosperidade dos Portugueses. Que raio de classe política (paga com o nosso dinheirinho) temos nós em Portugal?
Saí preocupado.
Que vou eu fazer agora? Em quem devo votar para melhorar este estado de coisas? A quem deverei eu entregar o poder de governar o meu País e de olhar pelo meu bem-estar, como se fora meu pai?
Neste momento, sinto-me politicamente órfão!