13/05/2009

Medina Carreira: a voz de um grande comandante no Clube dos Pensadores


Mário Russo

Henrique Medina Carreira transmite competência, transparência, rigor, confiança e seriedade. Tudo o que se exige de um político, de um governo ou de uma instituição financeira. Provavelmente o que mais tem faltado nos últimos tempos e justifica o estado enlameado em que chegamos.

Traçou uma radiografia demolidora que, sem dúvida, justifica a decrepitude em que Portugal se encontra, divergindo cada vez mais da Europa, porque os sinais que a economia tem dado não são levados em consideração pelos sucessivos governos, e não a penas este.
A mentira é a arma dos políticos para ganharem eleições. A falta de competência é tremenda, porque não são os melhores os escolhidos para governar, mas os que os directórios de interesses determinam. A oposição, à esquerda e à direita, só sabe distribuir benesses sem saber se é possível ou não, numa sanha distributivista de um produto que não existe. Ou seja, não há credibilidade na oposição, do BE ao PSD, passando pelo CDS e PCP.

A educação transformou-se numa brincadeira que está a hipotecar o futuro do país. Impera o facilitismo e a desresponsabilização dos agentes mais directos. A falta de cultura de rigor e de disciplina não auguram nada de bom. A segurança pública pode estar por um fio como consequência do desemprego e da desagregação social decorrente do colapso da economia.
É o que se pode inferir do seu contundente discurso marcado por demonstrações quantitativas que credenciam as suas conclusões, através de gráficos que evidenciam bem as tendências negativas. Mesmo tendo em atenção que alguns dos valores apresentados não foram normalizados, e que se o fossem suavizariam um pouco o impacto dramático da queda do PIB ou da dívida total do país, são a expressão de que os governos são pouco afeitos a estudar adequadamente os problemas com que o país se debate. Vão assobiando para o ar.

Para criar riqueza o país tem de exportar e de produzir de modo competitivo, que é o que não faz. Também o que não faz o governo é saber o que é, ou como é, que os nossos concorrentes directos fazem, designadamente em termos de impostos, de burocracia, de justiça e que os tornam mais atractivos que o nosso país.

Como é possível que um projecto de interesse nacional (PIN) possa estar na “gaveta” da anquilosada máquina burocrática 3 anos? Como é que se pode ser competitivo quando a justiça prende com algemas quem rouba uma galinha (facto verídico) e deixa o “ladrão dos galinheiros” impávido e sereno, sem que ninguém o incomode?

Apesar da demolidora radiografia apresentada, Medina Carreira é uma referência moral da nação que me fez sentir esperançoso e que foi um prazer ouvir. Porque só conhecendo o estado em que estamos é que se pode traçar caminhos de saída.

A todos nós caberá encontrar as saídas, porque todos somos responsáveis por ter à frente da governação quem nos governa. Somos os responsáveis por omissão ou demissão, por ter na AR um conjunto de amorfos deputados incultos e incompetentes, emanados desta sociedade que se vergou de vez ante uma crise de valores sem precedentes.

Obrigado Henrique Medina Carreira.