Há minutos, na curta viagem que quotidianamente me traz de casa ao meu gabinete de trabalho, ouvi o noticiário da TSF.
A notícia de abertura era, naturalmente, sobre a pandemia de gripe que está a assustar o mundo. Logo de seguida foi abordado o alargado acordo parlamentar, conseguido por iniciativa do PSD e do PS, que vai permitir já a partir deste ano, que os partidos políticos possam receber cerca de 1 milhão de euros em dinheiro vivo. O mesmo acordo alarga ainda, de forma generosa, os plafonds do que os mesmos poderão passar a receber através da rubrica donativos.
Não conheço os contornos desta nova regulamentação e por isso não a posso nem devo, por agora, comentar. Contudo, esta iniciativa trouxe-me à memória um episódio que, há cerca de uma ano, alimentou notícias em jornais, abriu telejornais, suscitou fóruns de debate, durante meia dúzia de dias (uma eternidade nos tempos que correm).
O então líder do PSD, eu próprio, tinha feito aprovar uma norma que passava a permitir que os militantes que o desejassem pudessem também pagar as suas quotas anuais (12 euros!) em dinheiro vivo. Medida de senso comum, cumpridora dos direitos e até das leis do Estado de Direito, facilitava a vida a militantes mais humildes, nomeadamente em regiões rurais, que ainda não usam cheques, transferências bancárias ou cartão de crédito.
Caiu o Carmo e a Trindade. Muitos dos actuais dirigentes, dinamizaram uma uma mega manifestação de 12 ex-secretários gerais (penso que alguns deles, dadas as vicissitudes da vida pública do último ano, já não teriam neste momento grande autoridade moral para evocar mais transparência na vida pública) contra o que era um incrível atentado à transparência da vida democrática de um grande partido.
Ou seja, o pagamento de doze míseros euros anuais indignou meio mundo, este bónus de de um milhão é aceitável.
Enfim, mais uma peça par a história do que foi uma interessante campanha de combate pela conquista de poder por parte do grupo “coeso, coerente e competente” que hoje lidera o PSD.
Sem azedume, mas com memória, é este o meu pensamento do dia.
Luís Filipe Menezes
A notícia de abertura era, naturalmente, sobre a pandemia de gripe que está a assustar o mundo. Logo de seguida foi abordado o alargado acordo parlamentar, conseguido por iniciativa do PSD e do PS, que vai permitir já a partir deste ano, que os partidos políticos possam receber cerca de 1 milhão de euros em dinheiro vivo. O mesmo acordo alarga ainda, de forma generosa, os plafonds do que os mesmos poderão passar a receber através da rubrica donativos.
Não conheço os contornos desta nova regulamentação e por isso não a posso nem devo, por agora, comentar. Contudo, esta iniciativa trouxe-me à memória um episódio que, há cerca de uma ano, alimentou notícias em jornais, abriu telejornais, suscitou fóruns de debate, durante meia dúzia de dias (uma eternidade nos tempos que correm).
O então líder do PSD, eu próprio, tinha feito aprovar uma norma que passava a permitir que os militantes que o desejassem pudessem também pagar as suas quotas anuais (12 euros!) em dinheiro vivo. Medida de senso comum, cumpridora dos direitos e até das leis do Estado de Direito, facilitava a vida a militantes mais humildes, nomeadamente em regiões rurais, que ainda não usam cheques, transferências bancárias ou cartão de crédito.
Caiu o Carmo e a Trindade. Muitos dos actuais dirigentes, dinamizaram uma uma mega manifestação de 12 ex-secretários gerais (penso que alguns deles, dadas as vicissitudes da vida pública do último ano, já não teriam neste momento grande autoridade moral para evocar mais transparência na vida pública) contra o que era um incrível atentado à transparência da vida democrática de um grande partido.
Ou seja, o pagamento de doze míseros euros anuais indignou meio mundo, este bónus de de um milhão é aceitável.
Enfim, mais uma peça par a história do que foi uma interessante campanha de combate pela conquista de poder por parte do grupo “coeso, coerente e competente” que hoje lidera o PSD.
Sem azedume, mas com memória, é este o meu pensamento do dia.
Luís Filipe Menezes