Mário Russo
Os medicamentos genéricos estão a causar uma guerra de lobys, não escapando a própria ministra. Porém, algo vai mesmo muito mal quando são os membros do governo a sugerir que os genéricos afinal não são bons. O lógico seria que os medicamentos receitados através do SNS fossem genéricos e não a excepção. De facto, seria gravíssimo se não pudéssemos confiar no Infarmed que controla todos os medicamentos em uso no mercado português, alguns dos quais já passaram pelo crivo de organismos sérios como o US Food and Drug, incluindo os genéricos.
Os argumentos contra os genéricos, causam-me náuseas e são um insulto à inteligência. Não está em causa a independência científica dos médicos, que deve ser plena. Mas também o médico tem de justificar a razão científica da recusa em receitar um genérico, pelo menos no SNS. Aliás, deveria ser obrigatório fazerem-no e seria simples controlar e validar.
Com efeito, os meios informáticos existentes permitem saber o que cada médico receita e se de facto o correspondente genérico não tem a qualidade que o médico justifica para não permitir a troca. O país economizaria centenas de milhões de euros por ano, mais que suficientes para apoiar investigação de ponta em quantidade e qualidade.
Quanto à ANF, instituição por quem não nutro a menor simpatia, tal como ao seu presidente, Dr. Cordeiro, está a jogar poeira para os olhos dos portugueses com o falso argumento de se preocupar com os custos. É falso. Querem apenas maior fatia do mercado e lucro. Mas, o que importa é que a sua posição favorece a diminuição dos custos dos medicamentos para quem necessite, sobretudo em tempo de profunda crise, em que cada euro faz falta. Além de beneficiar o orçamento de estado.
Do lado oposto estão os grandes laboratórios, responsáveis pela investigação medicamentosa que não pretendem perder quota de mercado. Daí fazerem pressão sobre os médicos através da atribuição de benesses (férias e congressos), e estes, estão a entrar neste jogo como soldados dos laboratórios. Negar este circuito é ingenuidade ou cegueira.
Por tudo isto, caberia ao ministério, e em particular à sra. Ministra, um papel pedagógico, de distanciamento e regulador, e não partidário de um dos lobys. Fica-lhe mal. Como é que no futuro vai dizer que é para se receitarem mais genéricos para baixar o crónico défice do seu ministério com o SNS?
Parece evidente que é do interesse nacional uma quota de mercado dos genéricos muito maior que a actual (que é pífia). Se assim é, que se estabeleça com rigor os objectivos, bem como assumir os apoios necessários à investigação na saúde para não ficar nas “mãos” dos grandes laboratórios farmacêuticos.
O resto não passa de um espectáculo deprimente que faz lembrar a luta de urubus por carniça, em que o povo é o eterno “depenado”. Lamentável o aproveitamento político retirado deste insólito episódio.
Os medicamentos genéricos estão a causar uma guerra de lobys, não escapando a própria ministra. Porém, algo vai mesmo muito mal quando são os membros do governo a sugerir que os genéricos afinal não são bons. O lógico seria que os medicamentos receitados através do SNS fossem genéricos e não a excepção. De facto, seria gravíssimo se não pudéssemos confiar no Infarmed que controla todos os medicamentos em uso no mercado português, alguns dos quais já passaram pelo crivo de organismos sérios como o US Food and Drug, incluindo os genéricos.
Os argumentos contra os genéricos, causam-me náuseas e são um insulto à inteligência. Não está em causa a independência científica dos médicos, que deve ser plena. Mas também o médico tem de justificar a razão científica da recusa em receitar um genérico, pelo menos no SNS. Aliás, deveria ser obrigatório fazerem-no e seria simples controlar e validar.
Com efeito, os meios informáticos existentes permitem saber o que cada médico receita e se de facto o correspondente genérico não tem a qualidade que o médico justifica para não permitir a troca. O país economizaria centenas de milhões de euros por ano, mais que suficientes para apoiar investigação de ponta em quantidade e qualidade.
Quanto à ANF, instituição por quem não nutro a menor simpatia, tal como ao seu presidente, Dr. Cordeiro, está a jogar poeira para os olhos dos portugueses com o falso argumento de se preocupar com os custos. É falso. Querem apenas maior fatia do mercado e lucro. Mas, o que importa é que a sua posição favorece a diminuição dos custos dos medicamentos para quem necessite, sobretudo em tempo de profunda crise, em que cada euro faz falta. Além de beneficiar o orçamento de estado.
Do lado oposto estão os grandes laboratórios, responsáveis pela investigação medicamentosa que não pretendem perder quota de mercado. Daí fazerem pressão sobre os médicos através da atribuição de benesses (férias e congressos), e estes, estão a entrar neste jogo como soldados dos laboratórios. Negar este circuito é ingenuidade ou cegueira.
Por tudo isto, caberia ao ministério, e em particular à sra. Ministra, um papel pedagógico, de distanciamento e regulador, e não partidário de um dos lobys. Fica-lhe mal. Como é que no futuro vai dizer que é para se receitarem mais genéricos para baixar o crónico défice do seu ministério com o SNS?
Parece evidente que é do interesse nacional uma quota de mercado dos genéricos muito maior que a actual (que é pífia). Se assim é, que se estabeleça com rigor os objectivos, bem como assumir os apoios necessários à investigação na saúde para não ficar nas “mãos” dos grandes laboratórios farmacêuticos.
O resto não passa de um espectáculo deprimente que faz lembrar a luta de urubus por carniça, em que o povo é o eterno “depenado”. Lamentável o aproveitamento político retirado deste insólito episódio.