05/03/2009

Cole Porter à porta



Cole à porta,

sem ferrolho.
Entre a maçaneta
e o olho - mágico.
À vista,exposto
escancarado como Kali.
Aberto,à espera de alguém.
Pronto para sair
e engolir a cidade
em nacos suculentos
de gula.
Disposto,para as retas
curvas, desvios
e becos.
Apto,para todas as teclas
de pianos e carnes.
Avesso,aos avisos prévios
de sonolentas campaínhas.
Mas não use muita cola
e o deixe livre
para cavalgar no parque.
E toda vez que ele disser adeus,
não morra.
Delovecie - se com o retorno.

Marcia Frazão

escritora e poetisa brasileira