Joaquim Jorge
A estratégia de José Sócrates de fazer um comunicado presencial e de viva voz à imprensa , reclamando a presunção de inocência por um lado e menosprezando os dados conhecidos por outro não funcionou. Ao não admitir implicitamente a veracidade dos factos e documentos e ao mesmo tempo não extrair as consequências evidentes do seu conteúdo , não sortiu efeito . Talvez seja para ganhar tempo e comprovar se entretanto amaina o escândalo.
Este escândalo Freeport semeia desconfiança , este problema de uma pessoa ( Sócrates) ou pessoas ( tio e primo ) está a converter-se num caso de Governo e de Portugal . Primeiro nega tudo e define-se como vítima, mas tem que se demonstrar a inocência . Todavia pelo que me parece estão a repartir o lodo.
Este processo está a levar as coisas a um ponto sem retorno , parece uma bola de neve que se converteu em avalancha e não pára nem há meios para o fazer .
Contudo tendo em conta o "coma" da justiça em Portugal esta investigação pode acabar em irrelevante e aí haverá uma furibunda reacção de José Sócrates e tirará dividendos disso como já o fez anteriormente noutros processos . Responsabilidades à parte o problema político é enorme e temos eleições à porta e um congresso socialista em finais de Fevereiro que serviria de relançamento e estratégia de unidade para enfrentar este ano eleitoral dificílimo.
Mas , nada é mais penoso e inquietante , ver que actualmente o Governo está paralisado incapaz de governar e pôr ordem na sua casa. E , está a tornar-se doloroso todos os dias a saírem noticias sobre este assunto. Contudo os cidadãos não podem tolerar que ponham as instituições públicas ao serviço de interesses e objectivos particulares e partidários. Deixar de tratar as instituições como se fossem o pátio da sua casa. Devem sim ocupar-se dos problemas que afectam os cidadãos.