ENTREVISTA

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Clube dos Pensadores materializa-se em livro com prefácio de Santana Lopes

Como abrir a política à sociedade civil

Ao cabo de três anos de Clube dos Pensadores, Joaquim Jorge decidiu fazer um balanço das actividades em formato de livro.

Vasco Lopes
vascolopes.nm@mail.com '

"Os partidos têm de perceber que têm de se abrir à sociedade civil. Neste momento, há um divórcio total entre as pessoas e a política e é preciso envolvê-las neste processo', Joaquim Jorge proferiu estas duas frases há cerca de ano e meio, numa entrevista ao NM, mas o que é certo é que, se estas palavras tivessem sido ditas hoje, manteriam toda a sua actualidade. Com efeito, nos últimos anos, tem-se acentuado ainda mais o tal «divórcio» entre os cidadãos e a política, mas é justamente contra este afastamento que luta Joaquim Jorge, professor, fundador e mentor do Clube dos Pensadores. 'Fazer um nome é muito difícil e este nome está feito', diz Joaquim Jorge, frisando que 'este clube é para pessoas que querem pensar e reflectir', 'O pensamento não tem grau de ensino e não é só para intelectuais. As pessoas devem formar uma ideia dos assuntos com que se debatem no dia-a-dia e não pensar na «morte da bezerra»', sublinha ainda o biólogo que dá vida ao Clube dos Pensadores.Ao longo de três anos de existência, o Clube dos Pensadores tem promovido uma vasta série de debates envolvendo inúmeras figuras da vida política nacional, nos quais as pessoas têm a possibilidade de fazer as mais diversas perguntas. Mas nem só de debates vive o clube, que têm também no seu blogue (http://clubedospensadores.blogspot.com/) um importante espaço de divulgação, tal como os debates na rádio ou os artigos de opinião que Joaquim Jorge assina em vários jornais portugueses (inclusivamente, no NM).

O NOVO FORMATO
Contudo, Joaquim Jorge quis chegar ainda mais longe e decidiu avançar para um novo formato de divulgação: o livro. Sem qualquer surpresa, o livro chama-se «Clube dos Pensadores» e é descrito pelo seu autor da seguinte forma: 'É uma forma de registar o que faço, mas também de chegar às pessoas por outro meio. Um livro é algo que é pessoal, próximo e fica ad perpetuam', Em traços gerais, podemos considerar este livro uma resenha das actividades do Clube dos Pensadores ao longo de três anos, mas, se quisemos, poderíamos igualmente defini-lo como uma compilação, em 248 páginas, de vários textos que Joaquim Jorge foi publicando em jornais e no blogue do Clube dos Pensadores, onde este professor de Vila Nova de Gaia aborda temas de áreas tão diversas como a política, o ambiente, a cultura ou até mesmo temas de índole social. Para além dos textos não-inéditos, o livro, editado pela Papiro Editora, conta ainda com participações de três figuras políticas, que, curiosamente, tiveram, de uma forma ou outra, um importante papel na história da cultura recente em Portugal. O prefácio é assinado por Pedro Santana Lopes, figura definida por Joaquim Jorge como um 'primeiro-ministro em circunstâncias muito difíceis', e 'um excelente secretário de estado da Cultura', No fim da obra, encontramos o posfácio do ex-ministro da Cultura Manuel Maria Carrilho, enquanto que, a meio do livro, surge um «mesofácio», onde o deputado-poeta Manuel Alegre faz uma intervenção sobre o sistema político. 'É alguém com uma dimensão cultural invulgar, aliada à sua amizade, que me fez o convite para pertencer à sua comissão de honra na candidatura presidencial', comentou Joaquim Jorge a propósito da participação de Alegre no livro.

A MENSAGEM
'Combater a abulia e a indiferença. Lutar contra a rígida ortodoxia partidária e evitar seguir uma estratégia duramente partidária. As habituais fixações partidárias impedem o descobrimento de novos meios e ideias', No entender de Joaquim Jorge, é esta a mensagem principal contida no livro que tem o mesmo nome do clube que fundou há três anos. Ao longo dos anos, este professor de Gaia tem tecido duras críticas ao funcionamento dos partidos tradicionais, tendo, em entrevista ao nosso jornal, chegado mesmo a comentar que estes lhe faziam 'lembrar a tropa', Por isso, Joaquim Jorge, que já chegou a ser militante do PS, tem uma ideia muito própria de como deve ser o perfil de um político: 'Deve procurar estabelecer relações de respeito com todos que o queiram. A política não pode ser sempre um caminho decepcionante. A ideologia politica é o momento e não se deve ser uma mescla de ignorância e arrogância. A culpa é sempre dos outros, a resposta sensata consiste em reflectir um pouco e valorar até que ponto os nossos problemas foram criados por nós próprios', Estas e outras questões estarão em cima da mesa na apresentação de «Clube dos Pensadores», que terá lugar a partir das 19h30 do dia 13 de Março, no Gaia Hotel. Pedro Santana Lopes será um dos convidados de honra de uma noite que Joaquim Jorge acredita que será um momento de 'cidadania e pedagogia',

Livro. «Clube dos Pensadores» vai ser apresentado no próximo dia 13 de Março, no Gaia Hotel, a partir das 19h30

DR