O eleitorado decepcionado não sanciona a maioria (pelo menos é o que as sondagens divulgam) que está no poder e não votam num PSD em que não crêem realmente.
Joaquim Jorge
O desastre económico do liberalismo e a crise social resultou na paralisia política em ver aonde as modas paravam. Esta aparente demissão do Estado que foi corrigida com as medidas tomadas pelo Governo conhecidas como «combate anti-crise» mostra o duro reconhecimento que o PSD está numa situação muito grave no plano ideológico. Como se procura reconfigurar a esquerda também se põe a questão da sua reconfiguração à direita.
Resistirá esta direcção ao impacto dos acontecimentos? Às ambições pessoais de uns e de outros? O PSD pode vir a desaparecer ou partir-se?
O PSD tem sido incapaz de fazer o balanço dos anos com Cavaco Silva e Durão Barroso. É uma mescla que levou à impotência com as suas tramas. Ainda recentemente o artigo de Luís Filipe Menezes põe a nu a incongruência da política do PSD. Mais parece uma forma de catálogo do que uma visão nacional de slogans que dê um projecto coerente de sociedade baseado numa análise crítica da realidade existente.
Desmorona-se pelo jogo de ambições e da ausência de projecto, formando várias capelas opostas, se não fizer uma profunda reforma e houver vontade de sacudir este equilíbrio precário continuará a ser um polarizador de tensões entre si e converter-se-á num catalisador de instabilidade política que levará ao seu afundamento. Este egrégio exemplo de autofagia pode levar à sua derrocada a nível nacional mantendo-se porém uma força municipal ou regional.
Ou rapidamente faz propostas para reunificar todo o partido (a escolha de Santana Lopes foi um bom exemplo), apaziguar as ambições pessoais com orientações programáticas, unir o pragmatismo e audácia intelectual, abrir-se a outras correntes que queiram renovar a sociedade ou o seu destino está traçado.
A esquerda prossegue inexoravelmente, descendo aos infernos apesar de ser poder!
O eleitorado decepcionado não sanciona a maioria (pelo menos é o que as sondagens divulgam) que está no poder e não votam num PSD em que não crêem realmente.
O PSD e a sua direcção: a crise deriva de não ter um projecto político alternativo sério e não haver inovação política. Tempos incertos em que Manuela Ferreira Leite, já pôs a hipótese de não ser candidata a Primeiro – Ministro. O PSD provavelmente vai ter piores dias, vai submergindo numa espiral suicida que vive desde que Durão Barroso foi para Bruxelas e abandonou o partido. Vive numa situação típica de crise sistémica com efeitos destrutivos de feedback. Ausência de um projecto político mobilizador e essa ausência de projecto produz esta crise na direcção política. Em lugar de ser uma força com propostas e cheia de esperança, o partido converteu-se numa batalha campal de “ hipotéticos primeiros-ministros” e um vale de lágrimas para os seus militantes e muitos portugueses. O PSD não tem um adversário forte à sua direita, é o momento de preconizar a sua unidade. Não se pode continuar a viver do crédito sem consumir é necessário um nova forma de gestionar o poder.
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