José Magalhães
Estava em Trafalgar Square, nos primeiros dias deste Dezembro, pelas 5 da tarde, já noite cerrada, depois de ter visitado a National Gallery of London, e de me ter deleitado com quadros magníficos de pintores não menos aclamados mundialmente, como Rembrandt, Monet, Picasso, Renoir, Van Gogh, só para referir os que sempre mais me impressionaram, e uma infinidade de outros.
De mão dada com minha mulher, olhava a estátua de Lord Nelson, quando reparei que aos pés da coluna, e nas costas do Vice-Almirante estava um presépio rodeado a cerca de alguns metros por uma barreira metálica e com algumas pessoas encostadas.
Curiosos aproximamo-nos!
Ao longe ouvia-se, vindo do meu lado esquerdo, música, e entrevejo uma espécie de pequeno cortejo, com uma fanfarra a meio. À frente um padre e alguns acólitos. Dirigia-se a nós, com o “ministro” a comandar.
Olho à minha volta, pessoas de todas as idades, desde crianças a velhos muito velhos, esperavam calmamente. Um dos acólitos distribuiu uns panfletos, e quase todas as pessoas aceitaram.
Ainda não imaginava o que se estava a passar. O frio era de rachar, menos de zero graus seguramente, e toda a gente com ar de satisfação.
Em tudo parecido com algumas coisas que já antevira no meu país, organizado pelos padres locais lá pelas aldeias. Estava com dúvidas sobre se ia haver uma míni missa campal ou qualquer coisa do género.
Só quando vi algumas pessoas, poucas, a persignarem-se, entendi que a religião era a Anglicana. Mas como se parecia com a minha, Católica Romana. Diziam as mesmas coisas e de maneira muito semelhante, embora com menos carga de seriedade (mais tarde assistimos na catedral de St Paul´s a uma lição de catequese sobre o nascimento de Cristo, e com a excepção de uma certa liberdade de linguagem, nada vimos de diferente do que aprendemos).
Depois de uma curta prelecção, deram início à cerimónia, que era nem mais nem menos que cantar os Christmas Carols.
Todas as várias centenas de pessoas presentes cantavam (aos poucos o espaço encheu), num coro de vozes muito afinadas. O folheto que tinham distribuído no início tinha as letras para os menos avisados como eu.
O espírito natalício tinha invadido e de que maneira toda a gente.
Nunca na minha vida me tinha apetecido tanto cantar. Senti-me comovido, muito comovido!
A comunhão entre os presentes era total.
Não senti nenhuma diferença, antes pelo contrário, por estar entre cristãos diferentes de mim. Éramos todos iguais. Todos com o mesmo Cristo no fundo dos nossos corações, e o desejo de paz no mundo muito enraizado.
Acabado o canto, senti-me leve, com um quentinho na alma, em paz com o mundo e muito, mas muito mais feliz.
Abençoada época natalícia.
Estava em Trafalgar Square, nos primeiros dias deste Dezembro, pelas 5 da tarde, já noite cerrada, depois de ter visitado a National Gallery of London, e de me ter deleitado com quadros magníficos de pintores não menos aclamados mundialmente, como Rembrandt, Monet, Picasso, Renoir, Van Gogh, só para referir os que sempre mais me impressionaram, e uma infinidade de outros.
De mão dada com minha mulher, olhava a estátua de Lord Nelson, quando reparei que aos pés da coluna, e nas costas do Vice-Almirante estava um presépio rodeado a cerca de alguns metros por uma barreira metálica e com algumas pessoas encostadas.
Curiosos aproximamo-nos!
Ao longe ouvia-se, vindo do meu lado esquerdo, música, e entrevejo uma espécie de pequeno cortejo, com uma fanfarra a meio. À frente um padre e alguns acólitos. Dirigia-se a nós, com o “ministro” a comandar.
Olho à minha volta, pessoas de todas as idades, desde crianças a velhos muito velhos, esperavam calmamente. Um dos acólitos distribuiu uns panfletos, e quase todas as pessoas aceitaram.
Ainda não imaginava o que se estava a passar. O frio era de rachar, menos de zero graus seguramente, e toda a gente com ar de satisfação.
Em tudo parecido com algumas coisas que já antevira no meu país, organizado pelos padres locais lá pelas aldeias. Estava com dúvidas sobre se ia haver uma míni missa campal ou qualquer coisa do género.
Só quando vi algumas pessoas, poucas, a persignarem-se, entendi que a religião era a Anglicana. Mas como se parecia com a minha, Católica Romana. Diziam as mesmas coisas e de maneira muito semelhante, embora com menos carga de seriedade (mais tarde assistimos na catedral de St Paul´s a uma lição de catequese sobre o nascimento de Cristo, e com a excepção de uma certa liberdade de linguagem, nada vimos de diferente do que aprendemos).
Depois de uma curta prelecção, deram início à cerimónia, que era nem mais nem menos que cantar os Christmas Carols.
Todas as várias centenas de pessoas presentes cantavam (aos poucos o espaço encheu), num coro de vozes muito afinadas. O folheto que tinham distribuído no início tinha as letras para os menos avisados como eu.
O espírito natalício tinha invadido e de que maneira toda a gente.
Nunca na minha vida me tinha apetecido tanto cantar. Senti-me comovido, muito comovido!
A comunhão entre os presentes era total.
Não senti nenhuma diferença, antes pelo contrário, por estar entre cristãos diferentes de mim. Éramos todos iguais. Todos com o mesmo Cristo no fundo dos nossos corações, e o desejo de paz no mundo muito enraizado.
Acabado o canto, senti-me leve, com um quentinho na alma, em paz com o mundo e muito, mas muito mais feliz.
Abençoada época natalícia.
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