Mário Russo
O mundo esteve suspenso pela aprovação do Plano Estadual de salvação do Mercado financeiro americano, que os republicanos renitentemente queriam chumbar. Não porque tivessem melhor plano, apenas para que não houvesse uma intervenção do Estado, apodada de socialização ou nacionalização da economia. Mesmo que essa decisão colocasse milhões de compatriotas seus na miséria, sem pensões, sem emprego, e com fome. É a sensibilidade de uma franja que endeusa o Mercado.
Quem duvidou de vários textos aqui no Clube de que a crise actual radicava na economia de casino, na desregulação da globalização e na especulação dos mercados, pode coçar a cabeça, senão relembro:
Como é admissível assistirmos a cada trimestre aos anúncios de fabulosos lucros dos bancos e agora declaram-se em falência? Foi contabilidade oculta para justificar os chorudos honorários?
O petróleo está mesmo a escassear que justifica a escalada louca de preços? Então como se justifica que, agora, ante o temor dos “investidores” (ladrões) de que a economia possa ir para o “brejo”, o preço tenha descido abaixo dos 100,00 USD$ senão especulação?
Porque é que a UE não tem imaginação e passa a comprar todo o petróleo para os 27 membros através de uma centra de compras (de crise), e continua a submeter-se à ganância de carteis de mafiosos encartados?
Como é admissível jogar-se com preços futuros de mercadorias (commodities, que é mais chique) como bens alimentares, sugando os produtores até ao tutano e vender a preços 500% mais altos que no campo (agricultor), que sofre com a alta de preço dos insumos agrícolas, igualmente controlados pelos “tubarões” que agora vêm à mão do Estado pedir socorro?
Quem endeusou o Mercado regulador da economia, demonizando o Estado, o que dirá agora diante do cadafalso em que o sistema financeiro manipulado por criminosos converteu a economia mundial?
Se houver um “pingo” de vergonha em quem nos governa, retirará ilações muito importantes desta crise, sem deixar de imediatamente apanhar os culpados e enviá-los para o lugar que merecem: a cadeia, mas a trabalhar no campo para produzirem o que comer. Seria uma lição sem precedentes.