30/09/2008

Mundo Próspero Acabou segundo o Profeta Manuel Pinho


Mário Russo



Acho estranho que apareçam agora, de repente, os profetas arautos da desgraça, quando um ciclone atinge o mundo da economia ocidental. Há de facto um colapso do sistema em que assentou a economia desregulada dos últimos 15 anos e que produziu a riqueza de muitos George Soros da vida e de gestores gurus badalados e bajulados por gestores do mundo, contaminando líderes políticos que transformaram a governação de países em exercícios do mais puro sadismo contra a sua população, em nome de uma eficácia de empresa e da excelência de um MERCADO.

Se o sistema financeiro está podre não é altura de se corrigirem os tremendos erros cometidos? Pelos vistos não havia dinheiro no sistema e ainda assim respirávamos, é porque poderemos continuar a respirar daqui para a frente. O que falta são líderes políticos para pôr fim à farra que se viveu até aqui, em que gestores de topo prosperaram à custa da falência de empresas e de accionistas, sem que nada os detivesse.

Estranho que políticos que ainda há pouco tempo diziam ufanamente que a economia no país do oásis ia de vento em poupa e que nada o atingia, sejam agora portadores da desgraça e da desesperança.

Se é esse a única mensagem que Manuel Pinho tem, mais valia (uma vez mais) estar calado. Será que terei de dizer aos meus alunos que se estão a graduar, que estão a fazê-lo para serem pedintes? Obviamente que não. Digo-lhes para não confiarem nada em quem previu o oásis e agora prevê o inferno. Em ambos os casos estavam e estão errados.

É hora de outros discursos. É tempo de fazer uma faxina geral ao podre sistema económico assente na economia de casino. É hora de jubilar, no meio desta desgraça toda, que finalmente poderemos ter, pelo menos, um mundo mais transparente, já que não será mais justo.