Mário Russo
Fiz um périplo pela blogosfera e constatei que o Clube dos Pensadores é notícia. Umas vezes a dizerem bem e a reverem-se neste projecto de cidadania, que vai para além do blog. Outros, a dizerem mal e a censurar artigos lá postados (inclusive meus) e ao seu fundador, Joaquim Jorge.
Fiquei satisfeito, porque o normal é a crítica versar acontecimentos variados do nosso quotidiano social e político, ou sobre as grandes questões do nosso tempo, como bem lembra Edgar Morin. Só se perde tempo com coisas importantes. Ora é precisamente o que acontece, pois é o próprio Clube dos Pensadores que é a notícia e merece a atenção. Ainda bem, porque, para os detractores, o Clube já se assumiu como uma marca em Portugal e começa a incomodá-los ou a seus interesses.
O Clube dos Pensadores sendo notícia, mesmo dizendo mal dele, é porque os seus autores implicitamente lhe reconhecem valor, caso contrário nem se poupariam a esse trabalho, pois estariam a denunciar a sua própria falta de qualidade, que certamente não se atribuem a si próprios. Por outro lado, estão a contribuir para difundir o Clube dos Pensadores, o que me agrada.
É como no Futebol, que é popular, todos gostam da Académica, porque não incomoda ninguém, mas já não é assim com o Benfica, Sporting e Porto, em especial o FCP pós 25 de Abril, que é odiado pelos seus sucessos e por se ter intrometido nas conquistas em especial do Benfica, uma ex-marca nacional de prestígio. Se o FCP não tivesse esse sucesso, seria um simpático clube da província, bem tolerado.
Esses blogs revelam antes de tudo, o que no Clube dos Pensadores abominamos, o cercear da liberdade e a inveja do sucesso alheio. A inveja sim, porque Joaquim Jorge teve a ousadia de inovar e capacidade de levar adiante este projecto. Não teve medo de ser do tamanho dos seus sonhos, porque não é apenas o blog, tem também o programa de rádio e o de TV, além dos debates acesos com figuras da maior relevância nacional com uma regularidade que impressiona. Isto é que é propiciar a participação cívica tão carente neste país. Este sucesso é que é o nó górdio que asfixia os anões do escárnio e mal dizer.
São verdadeiros polícias de costumes, quando se julgam iluminados e “prafrentex”. Eles têm o direito de criticar, nós não. Eles podem gostar de A ou B e detestar C, nós não. Nós estamos inconformados e desgostosos com muitas coisas que se vão passando no nosso país ou no mundo. Por isso alertamos, discutimos, fazemos debates, fazemos cidadania, mas eles criticam. Felizmente anões desses jamais terão o poder, caso contrário editariam uma cartilha do tipo “O Livro Verde” de Muammar Al Kadafi, para todos sermos “carneiros” seguidores de doutas sapiências.
O que verdadeiramente irrita estas pessoas é que a internet veio revolucionar a comunicação e a facilidade como a escrita chega a um público vasto que estava manietado. Por exemplo, eu consigo publicar em revistas científicas internacionais, mas não consigo publicar o meu pensamento ou opinião sobre uma matéria, mesmo da minha área e com interesse geral, num jornal nacional. Mas a blogosfera veio democratizar mais a escrita e o seu alcance. Posso exprimir ideias, tal como milhares de simples cidadãos como eu. Pugno para não repetir erros antigos, porque há tantos erros novos para cometer, como diria Bertrand Russel, e por isso escrevo na blogosfera e exponho-me a ser criticado. Tudo bem, falem, falem de mim, obrigado. É uma revolução em permanência e isto é que aflige os que queriam estar sós e olimpicamente a desfilar nesta auto-estrada global.
Falam mal, pois sim, continuem a falar de nós, que não nos incomoda, porque no Clube dos Pensadores, estou certo, só se perde tempo com coisas que são realmente importantes. Quem viver, verá.