10/07/2008

OPINIÃO

Estimado Dr. Joaquim Jorge,

Na última sessão do Club, falou-se num assunto ao qual sou particularmente sensível: A escola e a família. Além de trabalhar no ensino durante o turno da manhã, de tarde, ocupo uma parte significativa do meu dia de trabalho numa comissão de protecção de crianças e jovens em perigo. O que muito me impressiona é, para além da quantidade de crianças vítimas de negligência e maus tratos, os casos de absentismo e abandono escolar. Do trabalho que tenho dedicado a esta problemática, pretendo destacar o seguinte:
-Um número significativo de crianças sinalizadas pertencem a famílias desestruturadas por razões muito diversas
- Uma grande parte dessas famílias não sentem a escola como algo importante para a vida do jovem porque, infelizmente, constatam a existência de muito desemprego naqueles que obtiveram uma formação superior, e porque viveram toda a vida numa mediocridade mental / intelectual
- Muitos pais não dão o exemplo aos filhos do sentido de responsabilidade e do prazer que pode advir do trabalho, porque muitos deles estão desocupados, desempregados e vivem de subsídios …

Entre outras coisas:
-Era muito importante começar por incentivar a criação de verdadeiras escolas para pais.

As ASSOCIAÇÕES DE PAIS deverão, em meu entender, estar mais atentas ao desempenho dos pais na comunidade educativa e ser menos fiscalizadores dos professores, que estes já têm , infelizmente, quem os não deixe respirar.

Não posso deixar de citar uma máxima que uma velhinha de 90 e tal anos, analfabeta, costumava repetir : Pais trabalhadores, filhos doutores; netos gastadores e bisnetos pedintes ( se o exemplo não continuar).

Maria Salgado