22/07/2008

BULLYING


Isabel Carmo



Há assuntos que prendem a nossa atenção mais do que outros e este é um dos que me tem feito pesquisar por forma a tentar perceber as causas que levam a que tanta agressividade fervilhe por esse mundo fora. Claro que para chegarmos a algumas conclusões sobre um qualquer estudo, temos de aprofundar diversas etapas, para entendermos o ponto inicial do nosso pensamento. Partindo deste ponto, direi que o Ego não é mais nem menos do que a soma dos pensamentos, das ideias, sentimentos, lembranças e percepções sensoriais. Diria mesmo que é a parte mais superficial do individuo, a qual modificada e tornada consciente, tem por funções a comprovação da realidade e a aceitação, mediante selecção e controlo de parte dos desejos e exigências procedentes dos impulsos que brotam do indivíduo. Obedece ao princípio da realidade, ou seja, à necessidade de encontrar objectos que possam satisfazer ao Id. sem transgredir as exigências do superego. Quando o ego se submete ao Id., torna-se imoral e destrutivo; ao submeter-se ao superego, enlouquece de desespero, pois viverá numa insatisfação insuportável; (se não se submeter ao mundo, será destruído por ele…)
Por outro lado temos a emoção que se diferencia do sentimento, porque é um estado psicofisiológico. O sentimento, por outro lado, é a emoção filtrada através dos centros cognitivos do cérebro, especificamente o lobo frontal, produzindo uma mudança fisiológica em acréscimo à mudança psicofisiológica.
Mas peguemos em sentimentos; entre os muitos, aparece o da humilhação que visa essencialmente rebaixar o, ou os outros, quer física quer moralmente, de modo a que este ou estes se sintam anulados. Actualmente, e proveniente de estudos cruzados, temos que esta também é uma forma de bullying.
Ora uma das formas de fazer baixar a auto estima é humilhar. É fazer o outro sentir-se o culpado do acto ou da atitude que foi induzido a tomar. Perspicaz!
Há várias maneiras de humilhar e a mais comum é fazer que as outras pessoas se sintam infimamente pequenas perante o humilhador, que regra geral usa estratagemas inteligentemente estruturados para que de humilhador passe a vítima, quebrando todas as regras que em sociedade devem ser respeitadas.
Há quem designe este tipo de humilhação, por humilhação subtil ou velada. É complexa e subjectiva e muito mais difícil de lidar e prejudicial do que o tipo de humilhação mais comum. A humilhação velada insere-se num gesto, numa frase dita, ou até não dita; está no subentendido, numa simples virgula ou no desdém, ou na indiferença ou ainda no ignorar a existência da submissa (a verdadeira vítima), no fazer com que esta se sinta numa completa inutilidade, dando origem a que um sentimento de isolamento, abandono e impotência, exclusão e humilhação radical seja sentida. O humilhador (a)(dominador(a)) sabe como usar a alavanca emocional que ele(a) bem conhece como sendo a forma mais dolorida para aquele outro ser, que por causa disso se irá sentir o mais desprezível à face da Terra: um ser sem eira nem beira, um ser preterido e isolado, sem chão, sem confiança e de baixa auto estima… vivenciando naquele momento e por tempo indeterminado, por vezes com lágrimas, ora silenciosas, ora invisíveis e muitas das vezes escondidas… porque humilhação dói por dentro e tão profundamente, que o humilhador(a)
Jamais consegue enxergar onde estão as feridas que causou.
Grave é ainda, conclusões referidas sobre o quanto o humilhador(a) é capaz de se aperceber se a sua vítima consegue aguentar mais humilhações, aumentando ou diminuindo a sua actuação, ou se deve parar e abandonar a vítima aos seus desesperantes silêncios, à sua solidão mortificante.
Simples formas de agir no quotidiano das pessoas, podem ter como pano de fundo esta panorâmica. Teremos de interiorizar que a humilhação (actualmente bullying – mais a nível de crianças e adolescentes, mas que se verifica em outros estratos), deverá ser combatida introduzindo a todos os níveis mais profundos conhecimentos de cidadania.


professora , poetisa e frequente no blogue