Como estamos em tempo de europeu e congratulando-me com o facto de estarmos nos quartos-de-final, há uma questão que não posso deixar de levantar:
O ideal europeu colide com a exigência de as selecções serem constituídas com apenas cidadãos dum país, mas terá o Parlamento Europeu mais força que a UEFA para mudar isto?
Ao pretendermos criar uma Europa sem fronteiras e com igualdade de oportunidades, as selecções deveriam ser constituídas pelos europeus que jogam há x anos naquele país, na semelhança do que já acontece actualmente com os lugares a cargos políticos.
Será que Figo, Cristiano Ronaldo e outros teriam atingido o mesmo nível se não tivessem saído de Portugal e ido para campeonatos mais competitivos? e concordando, é justo uns terem o trabalho e outros ficarem com os louros?
Se queremos criar uma identidade europeia não faz sentido valorizar mais o local de nascimento do que o local onde as pessoas escolheram viver e trabalhar (os EUA são um país com vários estados, cada um com diferentes costumes e leis mas apresentam-se sempre ao exterior com uma única identidade).
O facto é que a maioria das selecções (senão todas) têm jogadores naturalizados e isso não afecta o fervor dos seus adeptos, como tal, depois do jogo começar, o que queremos é que a equipa que adoptamos ganhe.
Mas quando vejo o fervor dos jogadores e dos adeptos a cantar o hino no início dos jogos, vejo a unidade política muito longe de ser possível e percebo melhor a tentativa de implantar essa realidade de forma administrativa (tratado de Lisboa), pois se tal não é forçado, vai demorar muitos anos, afinal 63 anos atrás estávamos a lutar uns contra os outros.
Se a Europa necessitava de massa critica para enfrentar os EUA, imagina-se o que vai acontecer com a emergência da China e da Índia, aliás a aliança Europa-EUA-Austrália vai ser necessária para não sermos brevemente submergidos economicamente pelos países indo-asiáticos.
Arlindo Magalhães