11/05/2008

ECONOMIA e SOCIEDADE



É necessário um renovado contrato social entre o Estado e os cidadãos redesenhando o conceito de papel mínimo a atribuir à actividade pública.



JOAQUIM JORGE

A polarização dos rendimentos, com a consequente criação de uma grande massa de novos-ricos, por um lado, um exército de novos proletários, por outro, e a gradual rarefacção dos estratos médios.
A Europa de hoje, em plena crise económica, institucional e de capacidade de chefia política mostra-se impotente. Era uma vez a classe média. Os novos-ricos que aparecem por toda a parte e ostentam uma opulência, uma pobreza imprevista, mesmo entre os trabalhadores e os pensionistas. A Economia já não é nacional mas globalizada. É a sociedade do poder difuso, à espera de ser governada por alguém que saiba definir um novo quadro de eficiência, talvez uma nova dimensão intelectual capaz de reinterpretar os conceitos de progresso e de desenvolvimento.
É necessário um renovado contrato social entre o Estado e os cidadãos redesenhando o conceito de papel mínimo a atribuir à actividade pública.
O chamado welfare state . O sistema de protecções sociais completadas por serviços oferecidos pelo Estado financiadas por meio de cobrança fiscal. Estamos a avançar para uma sociedade que já não terá operários, mas que também não terá um papel bem definido para os docentes e os médicos: uma realidade indistinta – mais monocórdica que homogénea –.
Um universo subideologizado, decidido a procurar bens e serviços do fornecedor mundial que ofereça as condições mais convenientes, que pretende uma menor intermediação das instituições tradicionais, ligado em tempo real a todos os canais de comunicação e com o centro de gravidade cada vez menos situado nas tradicionais agências de socialização – a começar pela família.
O renovado contrato social ganha corpo entre o Estado e os cidadãos. Redesenhar o conceito de papel mínimo a atribuir à actividade pública: modelo escandinavo (elevada fiscalidade e elevada qualidade de serviços) ou modelo anglo – saxónico (reduzida receita fiscal e a introdução de elementos de mercado na prestação de serviços).
Que significa criar um Estado mínimo no séc. XXI? A globalização torna transparente, mais do que impor um corte na tributação fiscal e, portanto, na despesa, obriga os Estados a tornar a sua despesa cada vez mais eficiente.
Os serviços de saúde, ensino e justiça terão de ser revistos. Os cidadãos terão que aceitar uma nova forma mista de produção de serviços e não como acontece agora com uma dupla tributação. Pagam impostos e depois têm que colocar os seus filhos no ensino privado, recorrer à medicina privada, etc. Actualmente o sistema é pago por impostos mas é muito deficiente.
O modelo terá de ser substituído, em vez da oferta estatal aparentemente gratuita por uma sistema que pressupõe, um contributo significativo do doente e estudante.
A instrução tornou-se o mais precioso instrumento para conquistar um papel na sociedade. A medicina com o desenvolvimento económico e ter aos seu dispor novas terapias e aparelhagens tem de se interessar pelo doente: dietologia, cirurgias estéticas; intervenções corretoras dos defeitos da visão; etc.
A personalização é uma das grandes mudanças do futuro próximo. Estamos a passar da produção em massa para a desmassificação. É a sociedade da informação e da desmassificação.
Todavia estes tempos são de confusão, voracidade e desvergonha. Em todos os âmbitos em primeiro lugar o político e o económico. Só existe o que ganha. Daí o caso sempre indecente do emparelhamento dos mais ricos com quem manda. Em contrapartida existem desigualdades que matam: falta de trabalho; miséria; fome.



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