19/02/2008

POLÍTICA

A realidade mediática substitui a realidade real




JOAQUIM JORGE


A
política em Portugal e noutros países é algo visto, ou para políticos ou desconsiderado, pela retórica de dizer uma coisa e fazer outra, e o pior de tudo, ligado a atitudes e interesses menos límpidos.
A culpa é dos políticos, Portugal é um país deprimido e frustrado que não crê em nada e muito menos na política. É necessário oferecer outra maneira de fazer política, acabar com este modelo clássico português e sobranceiro. Mobilizar e sacudir os portugueses, fartos de engenho e ambiguidade. Depois de anos de alternância (PSD e PS), broncas e decadência económica, do jogo direita – esquerda, Lisboa contra o Porto, jovens contra os velhos. Esta democracia massificada que chegou a este estado por “via democrática” é confusa e ancorada no passado, povoada de caras conhecidas há décadas e cheia de trânsfugas, desvergonha, velhacada e pactos subterrâneos.
É necessário sobriedade, sentido comum, produtividade, inovação e mérito, como diz Alberto Asor Rosa de Itália aplica-se a Portugal: “é o país onde tudo é o contrário do contrário”.
É preciso fazer política, em vez de a neutralizar, dando espaço à ideologia em vez do pragmatismo.
A realidade mediática substitui a realidade real. Daí esta forma storytelling e variedade política two step flow em que se transforma a sua prática em propaganda. Como diz Hillary Clinton, “ os discursos não dão de comer, nem enchem o depósito de gasolina nem pagam os medicamentos”. Os portugueses querem soluções numa política que não se vire contra eles que respeite doentes e pobres.


publicado hoje