15/01/2008

SÓCRATES


Exige-se que se dobre, que não se parta, que negoceie, que escute …

JOAQUIM JORGE

O que qualquer cidadão exige de um político democrático, neste caso dando-lhe uma ampla maioria e carta branca que ninguém antes usufrui, tendo o beneplácito dos media e opinião pública (agora não). A menos que eu esteja equivocado, o que se exige de um político democrático, neste caso de um primeiro-ministro é que se dobre para que nada se parta, pois se ele se partir, partimo-nos todos; exige-se que negoceie, que escute, que chegue a acordos, que conceda, que ceda no acessório para que não se veja obrigado a ceder no essencial. Não queremos estátuas equestres, queremos que os políticos e neste caso Sócrates faça o seu trabalho com humildade sem épicos de espaventos de apocalipse, que nos respeite o mais possível e se possível nos leve a alguma parte.
As críticas de sempre de Alegre, há algum tempo de Soares, recentemente de Ferro Rodrigues e as advertências de Cavaco, de insensibilidade, arrogância e de falta de diálogo nunca tiveram consequências práticas. São ouvidas mas ignoradas ( a Ota foi um percalço no modus faciendi ).
O que me leva a concluir que na ditadura não podíamos falar, agora falamos, falamos e ninguém nos ouve.
É necessário discutir o paradigma da liderança do país, de políticas que eduquem pelos olhos e não pelos ouvidos, integradoras, criativas, envolventes, transparentes, carismáticas mas com substância. Praticando os valores que defendem, isto é, não é de bom-tom exigir sacrifícios e estar de férias no estrangeiro enquanto o aumento do custo de vida é anunciado. Impondo a «ditadura do ou», a redução do défice a todo o custo ou o caos.


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