Mário Russo
O Clube dos Pensadores recebeu Manuel Alegre para um debate sobre alternativas e alternâncias em democracia. A sala estava à pinha, como sói dizer-se, algumas personalidades mediáticas da vida nacional e de vários quadrantes políticos participaram no debate. Percebeu-se a presença de pessoas vivamente interessadas vindas de várias cidades, inclusive de Lisboa, que reforçam a ideia de que o Clube dos Pensadores já protagoniza uma importância cívica no seio da sociedade portuguesa digna de nota.
Manuel Alegre, convidado especial, deu uma verdadeira lição de política, num discurso claro e transparente, assim fossem os de todos os políticos. Não me espanta a qualidade de Manuel Alegre como tribuno, uma referência de idoneidade e estatura ética e moral que há muito tem brindado os portugueses e é uma referência ímpar. A sua prosa é tão deliciosa que algumas vezes parece verso, revelando o poeta maior da nossa literatura, que é.
Como bem salientou ao longo da sua reflexão, não concorda com diversas posições e acções do seu partido de sempre, o PS, e por isso não se cala nem se conforma. Concita à participação de cidadãos porque a vida democrática, disse, não se esgota nos partidos, embora indispensáveis em democracia.
Obviamente que o seu peso específico na vida nacional é de tal monta que pode enfrentar os novos, poderosos e autistas inquilinos da direcção do seu partido sem receios de retaliações, contrariamente aos menos mediáticos que enfrentam e são “eliminados” da vida partidária ou ostracizados jamais aparecendo nas listas a deputados.
O jornalista Pedro Castanheira foi sintético e muito eficaz, tanto na primeira intervenção como ao finalizar a sua participação no debate. Revelou também um agudo sentido dos grandes problemas do nosso tempo e dos perigos que a democracia e a liberdade correm nos dias de hoje, em que grupos políticos, económicos e da comunicação mostram um voraz apetite para o domínio desses espaços cilindrando tudo e todos. Por isso recomenda uma sociedade atenta, ou seja, de “olho vivo”.
Joaquim Jorge, o irreverente fundador do Clube, deixou-nos uma reflexão do modo pouco transparente como se faz política em Portugal e, sobretudo nos partidos, em que há nitidamente uma falta de renovação de rostos e de ideias novas. Confrontou o auditório com questões pertinentes sobre a participação cívica, única forma de forçar a mudança de atitude enquistada no funcionamento dos partidos políticos.
Particularmente penso que os partidos não se reformam por dentro, pois não conquistaram o poder para o outorgar a terceiros e muito mais quando são os medíocres a atingi-lo. Como me disseram, “a maior parte das pessoas encasteladas em posições políticas é medíocre e tem um indisfarçável medo da inteligência”.
No entanto, também é verdade que se constata que, de um modo geral, os medíocres são mais obstinados na conquista de posições importantes. Fazem de tudo sem pruridos. Se preciso for vêm ao Clube, por exemplo, para meter “cunhas” a convidados influentes, não fora a permanente vigilância de JJ.
Nunca desistem dos seus intentos e sabem, como ninguém, ocupar os espaços vazios deixados pelos talentosos displicentes que não revelam o apetite do poder, os “escuteiros” das tertúlias cívicas.
Também me disseram e eu concordo, “que esses medíocres, oportunistas e ambiciosos, têm o hábito de defender bem as posições conquistadas – como que com verdadeiras muralhas de granito por onde talentosos não conseguem passar”. Em todas as áreas encontramos dessas fortalezas inexpugnáveis a quaisquer legiões de lúcidos.
Até porque os medíocres encastelados conhecem bem as suas limitações e como lhes custa desempenhar tarefas que os mais dotados realizam “a brincar”. Embora admirando a facilidade com que os mais lúcidos resolvem problemas, os medíocres repudiam-nos para se defenderem. Não nos iludamos, porque eles nunca estão distraídos.
Por isso, não me iludo, os partidos políticos não reformam por dentro as fortalezas de aço em que os aparelhos os transformaram, bem vigiadas por yes-men “pit-bulls”.
Os poetas vêem muito adiante e, lendo Ruy Barbosa, curvo-me perante a sua premonição “Há tantos burros a mandar em homens inteligentes que, às vezes, penso que a burrice é uma Ciência”.
Venha o próximo debate e que se comece a questionar porque é que a Regionalização é a forma e a oportunidade de mudar o “status-quo” instalado.
O Clube dos Pensadores recebeu Manuel Alegre para um debate sobre alternativas e alternâncias em democracia. A sala estava à pinha, como sói dizer-se, algumas personalidades mediáticas da vida nacional e de vários quadrantes políticos participaram no debate. Percebeu-se a presença de pessoas vivamente interessadas vindas de várias cidades, inclusive de Lisboa, que reforçam a ideia de que o Clube dos Pensadores já protagoniza uma importância cívica no seio da sociedade portuguesa digna de nota.
Manuel Alegre, convidado especial, deu uma verdadeira lição de política, num discurso claro e transparente, assim fossem os de todos os políticos. Não me espanta a qualidade de Manuel Alegre como tribuno, uma referência de idoneidade e estatura ética e moral que há muito tem brindado os portugueses e é uma referência ímpar. A sua prosa é tão deliciosa que algumas vezes parece verso, revelando o poeta maior da nossa literatura, que é.
Como bem salientou ao longo da sua reflexão, não concorda com diversas posições e acções do seu partido de sempre, o PS, e por isso não se cala nem se conforma. Concita à participação de cidadãos porque a vida democrática, disse, não se esgota nos partidos, embora indispensáveis em democracia.
Obviamente que o seu peso específico na vida nacional é de tal monta que pode enfrentar os novos, poderosos e autistas inquilinos da direcção do seu partido sem receios de retaliações, contrariamente aos menos mediáticos que enfrentam e são “eliminados” da vida partidária ou ostracizados jamais aparecendo nas listas a deputados.
O jornalista Pedro Castanheira foi sintético e muito eficaz, tanto na primeira intervenção como ao finalizar a sua participação no debate. Revelou também um agudo sentido dos grandes problemas do nosso tempo e dos perigos que a democracia e a liberdade correm nos dias de hoje, em que grupos políticos, económicos e da comunicação mostram um voraz apetite para o domínio desses espaços cilindrando tudo e todos. Por isso recomenda uma sociedade atenta, ou seja, de “olho vivo”.
Joaquim Jorge, o irreverente fundador do Clube, deixou-nos uma reflexão do modo pouco transparente como se faz política em Portugal e, sobretudo nos partidos, em que há nitidamente uma falta de renovação de rostos e de ideias novas. Confrontou o auditório com questões pertinentes sobre a participação cívica, única forma de forçar a mudança de atitude enquistada no funcionamento dos partidos políticos.
Particularmente penso que os partidos não se reformam por dentro, pois não conquistaram o poder para o outorgar a terceiros e muito mais quando são os medíocres a atingi-lo. Como me disseram, “a maior parte das pessoas encasteladas em posições políticas é medíocre e tem um indisfarçável medo da inteligência”.
No entanto, também é verdade que se constata que, de um modo geral, os medíocres são mais obstinados na conquista de posições importantes. Fazem de tudo sem pruridos. Se preciso for vêm ao Clube, por exemplo, para meter “cunhas” a convidados influentes, não fora a permanente vigilância de JJ.
Nunca desistem dos seus intentos e sabem, como ninguém, ocupar os espaços vazios deixados pelos talentosos displicentes que não revelam o apetite do poder, os “escuteiros” das tertúlias cívicas.
Também me disseram e eu concordo, “que esses medíocres, oportunistas e ambiciosos, têm o hábito de defender bem as posições conquistadas – como que com verdadeiras muralhas de granito por onde talentosos não conseguem passar”. Em todas as áreas encontramos dessas fortalezas inexpugnáveis a quaisquer legiões de lúcidos.
Até porque os medíocres encastelados conhecem bem as suas limitações e como lhes custa desempenhar tarefas que os mais dotados realizam “a brincar”. Embora admirando a facilidade com que os mais lúcidos resolvem problemas, os medíocres repudiam-nos para se defenderem. Não nos iludamos, porque eles nunca estão distraídos.
Por isso, não me iludo, os partidos políticos não reformam por dentro as fortalezas de aço em que os aparelhos os transformaram, bem vigiadas por yes-men “pit-bulls”.
Os poetas vêem muito adiante e, lendo Ruy Barbosa, curvo-me perante a sua premonição “Há tantos burros a mandar em homens inteligentes que, às vezes, penso que a burrice é uma Ciência”.
Venha o próximo debate e que se comece a questionar porque é que a Regionalização é a forma e a oportunidade de mudar o “status-quo” instalado.
engenheiro , membro do clube , professor no IPV e frequente do blogue