20/01/2008

CUBA



JOAQUIM JORGE





Lindo país com pessoas simpáticas, extrovertidas, sociáveis e cultas apesar de existirem poucos livros e jornais à venda


Há tempos visitei Cuba, este lindo país com pessoas simpáticas, extrovertidas, sociáveis e cultas apesar de existirem poucos livros e jornais à venda. Fi-lo por mera curiosidade de ver in loco , o ainda sistema político vigente com a omnipresença de Fidel Castro. Todavia por morte deste o regime, penso eu, tenderá a evoluir para outro sistema político que actualmente é uma república socialista, em que só existe um único partido, o Partido Comunista Cubano.
Com um Sol radioso, campos de cana-de- açúcar, palmeiras esguias e um mar azul límpido e profundo, com uma cultura complexa em que as antigas tradições coexistem com novas correntes intelectuais. É uma ilha jovem e cheia de vitalidade, de música e de cor e que, apesar das graves dificuldades económicas, provocadas pelo «embargo», que os leva a odiarem os Estados Unidos, se mantém fiel à sua identidade.
O resultado mais interessante da sua miscigenação é um surpreendente mosaico étnico de brancos, negros, mestiços e asiáticos, com pessoas muito bonitas e sempre com um sorriso. Mostrando uma educação muito acima da média, concedida pela Revolução que defendia que a única maneira de ser livre era ser instruído. Actualmente a maioria da população da ilha, metade da qual tem menos de 30 anos (nasceu depois da Revolução), sabe ler e escrever a língua oficial, o espanhol, e aprende também línguas estrangeiras. Por todo o país, as Casas da Cultura, ou centros culturais, promovem exposições, espectáculos teatrais e musicais e até bailes.
Uma coisa que me tocou sobremaneira foi a preocupação com as gerações mais novas, em que a taxa de mortalidade infantil é a menor da América Latina, sendo o país com mais elevada taxa de esperança de vida. Li que existem zonas em que a taxa de mortalidade infantil é 0%! Eu diria que é absolutamente excepcional e impensável na Europa.
A sua Saúde é exemplar com médicos com óptima preparação, daí a ilha ser utilizada para tratamentos de stress e problemas dermatológicos, tornando-se um centro de “turismo de saúde” para além do turismo propriamente dito.
Mas para quem não passa um dia sem ler livros e jornais, que por aqui escasseiam, com muito esforço e perseverança arranjei alguns exemplares. Ao domingo só é publicado “ Juventud Rebelde”, mais parecendo com todo o respeito que tenho por jornais regionais, um jornal regional mas de cariz mensal pela qualidade do papel e grafismo. À semana existe o jornal Granma , órgão oficial do Comité Central do Partido Comunista de Cuba com maior distribuição na ilha. Este nome é o do iate dos rebeldes que atracou em 1956, na praia de Las Coloradas em vez de Niquero, daí terem sido interceptados por um navio de guerra, tentaram fugir mas foram abatidos pelos aviões de Batista. Os sobreviventes ( incluindo Fidel Castro) refugiaram-se na Sierra Maestra.
Mas o mais marcante é a figura disseminada por tudo que é sítio de Ernesto “Che” Guevara , argentino que conheceu Fidel Castro no México , sendo seu ministro da Indústria e presidente do Banco Nacional. Foi assassinado a mando da CIA , tinha apenas 39 anos . Tudo dá para ter a sua imagem : t-shirts ; bonés ; fotos ; litografias ; livros ; etc. . O mais impressionante é que este Verão foi o 40º aniversário da sua morte. É o único de dois estrangeiros na história do país ( o outro é o general dominicano Máximo Gómez) a serem proclamados cidadãos cubanos « por nascimento» .
Não sei, mas se não tivesse morrido a sua auréola ofuscaria Fidel Castro pois possuía atributos incomensuráveis, tendo alguns com os quais me identifico e revejo. Uma vontade de ferro, gostava tanto de livros como de desporto e tinha um grande espírito de sacrifico; sabia apreciar a beleza e era um perfeccionista, mas tinha sentido de humor. Era um homem de acção, que também arranjava tempo para meditar acerca da realidade e para escrever. Despretensioso , franco, ascético , idealista e intransigente.
Aconselho-vos uma visita à capital Havana, cheia de azáfama e diversões com algumas jóias arquitectónicas esplêndidas do período colonial ou posterior e muitas outras atracções. Ah! esquecia-me de uma coisa, aqui pode-se fumar à-vontade apesar do regime aparentemente repressivo e as mulheres reformam-se com 55anos e os homens com 60 anos. Tenho que ir viver para Cuba…


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