18/01/2008

Aeroporto Internacional de Lisboa


Telmo Roberto

O aeroporto internacional de Lisboa não passa de mais um fenómeno de centralização de poderes, de um certo fetiche dos governantes que invariavelmente afirmam que é absolutamente necessário construir um aeroporto de raiz na capital portuguesa. Assim só esta condição prejudicou todos os processos que daí advieram, pois todos os estudos, excepto o da Associação comercial do Porto, apontavam para novos aeroportos quer na Ota, Rio Frio e Alcochete. Contudo a voz do Senhor Rui Moreira nunca foi suficientemente alta para se fazer ouvir em Lisboa, talvez seja da distância…
Um aeroporto de raiz irá custar milhares de milhões de euros aos bolsos dos portugueses, dos quais muitos não irão ser beneficiados com este novo empreendimento. A entidade do Senhor Rui Moreira foi a única a sugerir Portela mais um, ou dois, conforme o número necessário, tendo vários aeródromos juntos a capital portuguesa com condições para satisfazer as necessidades aeroportuárias nacionais entre os quais cito: dois no concelho de Sintra, um perto de Alverca, outro na margem sul relativamente perto do Montijo. Se não estou errado nenhum desses foi sequer equacionado para servir os interesses da Senhora Capital Portuguesa. Esta solução seria perfeitamente aceitável e economicamente muito mais rentável, já que todos estes aeródromos se encontram perto de rodovias com capacidade suficiente para fazer receber um novo aeroporto e seriam economicamente mais viáveis para a nossa débil economia. Mais uma vez os grandes investimentos caíram na capital. Tal como outros que se sucederam, Parque das Nações, ponte Vasco da Gama, Centro Cultural de Belém, Campo Pequeno…
O mais intrigante nesta historia que já nos acompanha à anos, e o facto de os sucessivos governos ficaram admirados com o empobrecimento do Norte, e ainda mais admirados quando se que Lisboa tem uma qualidade de vida superior à da Europa. Este facto não passa de uma consequência natural de o Norte à muito tempo ter sido esquecido, sobrevivendo quase a custa de investimento privado, já que o investimento publico recai sempre no mesmo saco.
Voltando ao assunto Ota/Alcochete, sendo a imparcialidade do LNEC quase indiscutível, o seu relatório tem aspectos muito curiosos um dos quais e dizer que um aeroporto em Alcochete e mais barato que na Ota, pois bem mas não me parece que tenham tido em conta o facto de a Ota já estar relativamente bem situada a nível de transportes, enquanto que Alcochete vai obrigar a uma nova mega ponte (Chelas/Barreiro) que por sinal fica mais longe do aeroporto que a ponte Vasco da Gama, esta considerada ineficaz para servir um aeroporto. Um novo aeroporto na margem sul não se vai ficar pelos custos do aeroporto em si terá que suportar os custos de uma nova cidade aeroportuária numa zona sem infra-estruturas, para a receber, problema esse que não se abordava na Ota, o outro grande inconveniente será o facto de no relatório do LNEC não constar as compensações que o governo se comprometeu a dar aos autarcas do OESTE. Mas sendo a nossa capital uma elite num país empobrecido, estes problemas a vista dos nossos governantes não parece existir. Enfim esperemos então que se faça a obra e se vejam os resultados.


simpatizante do Clube