28/09/2007

O EXEMPLO DOS PARTIDOS

Que moral tem um partido para falar em Democracia se não a pratica ?

JOAQUIM JORGE

A disputa das eleições internas no PSD , tem suscitado opiniões perfeitamente díspares do “inner circle” lisboeta tendo como proeminências , Vasco Pulido Valente e Pacheco Pereira achando que estas eleições nada resolvem e acrescentam , mostrando um ódio de estimação pela candidatura de Menezes.

Tendo em conta a crise actual dos partidos e a sua forma de funcionamento perfeitamente decrépita , seria bom dar um exemplo de transparência e limpidez, não só para os militantes como para os cidadãos em geral , que em futuras eleições podem votar no Partido .
Que moral tem um partido para falar em Democracia se não a pratica ? De falar em abstenção, tendo perto de 140.000 militantes e só poderem votar 30.000 ? Agora parece que ainda vão ser menos!

O problema que tem alertado tantas vezes Manuel Alegre para o nó górdio dos partidos ainda recentemente no seu artigo do Público « contra o medo ,liberdade» e Manuel Maria Carrilho no seu texto no DN « implosão partidária» . Pedro Santana Lopes também tem alertado contra o esclerosamento partidário.

Nesta disputa que os ditos “intelectuais” , chamam populismo é necessário uma clarificação urgente da forma como se realizam as eleições internas dos partidos. Pagamentos de quotas , financiamento das campanhas , etc.

A partidocracia está a ralar-se , precisa de ir ao psicanalista, tem que se adaptar rapidamente aos tempos modernos ou ninguém a leva a sério. A crise de identidade é enorme e o seu envelhecimento tornando a sua renovação um combate hercúleo. Se os partidos são omissos nesta questão interna eleitoral devem rapidamente alterar os seus estatutos de forma a aproximarem-se da lei vigente que impera nas eleições nacionais.

Não podemos perder o sentido da realidade . Um sintoma inequívoco de que algo não funciona bem nesta democracia de partidos é que se perdeu o sentido comum e que o cretinismo se impõe lenta e silenciosamente, acontecendo coisas importantes e óbvias convertendo-se em objecto de reflexão que geram pasmo. A tal ponto que se considera «normal» , «natural» e «lógico» determinados comportamentos e atitudes que esquecem questões como responsabilidade, dignidade das pessoas , memória , compromisso e comportamento ético entre muitas coisas.

Deixar passar , não actuar para mudar o curso das coisas , é uma atitude com graves consequências no nosso colectivo e individual.Antes de se discutir propostas , programas de acção partidária e governamental tem que se ir ao cerne da questão : o funcionamento dos partidos.
Muito mal vai um sistema político que elege líderes nos seus partidos que não cumprem as regras do jogo , utilizando subterfúgios inadmissíveis e que mais tarde em eleições nacionais pretendem ser eleitos pelas regras que não cumpriram . Os partidos vão de mal a pior.

Artigo publicado no JN página 25 e PÚBLICO página 47.


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