29/04/2007

PRÓXIMO PASSO... de NARCISO MIRANDA








OU CONCORRE À FEDERAÇÃO e VENCE OU CONCORRE À CMM COMO INDEPENDENTE


JOAQUIM JORGE

Esta figura tão singela e simpática para os lados de Matosinhos, com uma capacidade de trabalho notável, afável , contagiante e incontornável do poder autárquico português pós-25 de Abril , tendo sido um dos melhores presidentes de Câmara, com uma obra fantástica, foi obrigado a abdicar de se candidatar a um novo mandato. Foi substituído por Guilherme Pinto que tem feito um mandato, soft, equilibrado, inteligente, contido e conciliador. Aliás não era de esperar outra coisa de quem foi o seu braço-direito. A amizade está acima da política, pelo menos para mim.Depois do que se passou houve um período de nojo. Numa família depois de uma zanga em que se diz o que se tem a dizer tem que haver um certo distanciamento. Todavia, é evidente que Narciso Miranda tem toda a legitimidade para voltar a concorrer à CM Matosinhos. Só depende dele, toda a sua postura e comportamento têm sido irrepreensíveis mas chegou a hora de se definir. Tem duas saídas possíveis, ou procura reconquistar a presidência da Federação do Porto, da qual já foi presidente e mais tarde o partido não tem outra alternativa do que o escolher para candidato à CMM, ou diz, desde já, que vai concorrer como independente àquela autarquia.Se correr o risco de concorrer à Federação e perder, a população não lhe perdoará o gesto de tentar conquistar o partido e a páginas tantas se divorciar dele, por dá cá aquela palha.A outra alternativa mais verosímil e consistente aos olhos dos eleitores e da população matosinhense é concorrer como independente. Tem sempre o argumento que o partido não o quis e o ostracizou. Porque é que um candidato para ser o escolhido precisa do beneplácito de um partido? Chega de amarras e esclerosamento da vida partidária, ou seja, o crescente desinteresse pela política e o progressivo e preocupante divórcio entre cidadãos e instituições. A minha convicção é que a renovação da vida política e dos próprios partidos tem de fazer-se dentro dos aparelhos partidários, contra a gerontocracia e os velhos elefantes batidos em mil batalhas.Narciso Miranda deve claramente definir o que pretende, tendo em conta o cada vez maior número de apoiantes e amigos socialistas que merecem saber antecipadamente as suas opções, não podendo estar dependentes de uma opção “in extremis” ou em cima da hora. Deve abarcar um projecto mobilizador com novas caras e ideias inovadoras, não só com socialistas, mas também com a sociedade civil. É necessário abrir novos caminhos à participação dos cidadãos e criar novas formas de interessar as pessoas pela vida política.Esta clarificação só trará prestígio ao candidato e mostrará o caminho que quer trilhar. A população e os seus apoiantes agradecem, mais ainda aqueles que nunca mudaram de opinião, estando com ele nas boas e nas más horas. Estes são os verdadeiros amigos. Há vida para além da política, sou contra o excesso de fulinização na política e há mais vida para além dos projectos pessoais. A cidadania é o futuro.Na vida política devemos transportar valores de cidadania elevados, ter memória e dar valor ao que foi feito e ao que se está a fazer, se revelar grandeza e elevação de carácter, infelizmente tão arredadas da política.A politica errática do PS/ Porto, sem expressão, fazendo cenários para 2009, como se os actuais dirigentes fossem “donos” do partido. Que eu saiba em 2008, há eleições para a concelhia e distrital do Porto? E só depois é que são escolhidos os candidatos e as possíveis coligações. Tudo feito nas costas dos militantes, ou tentando condicioná-los. Partem do pressuposto que já foram reeleitos. Que lindo exemplo democrático, dado aos militantes socialistas e principalmente aos potenciais eleitores. Antes mesmo de haver uma eleição já se fala como se já estivessem eleitos! Eles devem saber do que falam. O “lambe-botismo” impera, e devem ser muito bons em psicologia!!! Primeiro educam-nos para reprimirem a espontaneidade, num clima de “toda a verdade será castigada” a ponto que quando os militantes são verdadeiros, uns na cara dos outros, ou por escrito, os acham cruéis e traidores. Isto é, são educados para a falsidade, para a hipocrisia, domesticando o que sentem e pensam. Aliás Harold Pinter diz que “ há uma crescente cultura de supressão da verdade”.



*Biólogo

clubedospensadores.blogspot.com

Escreve no JANEIRO quinzenalmente aos domingos