08/04/2007

DOMINGO



Isabel Carmo

Quando nos sentimos nada. Quando tudo se nos apresenta tosco e irregular. Quando nos desiludimos com a nossa própria ilusão. Quando descobrimos que tudo está a ruir à nossa volta: sentimo-nos mesmo nada…

Quando verificamos que há omissão para que se acredite. Quando se usam estratagemas para que prevaleçam inverdades. Quando se aplicam explicações para fazer prevalecer o que é demais evidente que é dúbio… então aí, nós, eternos expectantes, estamos perdidos no mais profundo da nossa desilusão.

Hoje, sinto-me mesmo assim. Sem conseguir verter uma lágrima, toda eu sou um pranto. Todo o meu interior é uma cinza fria e escurecida. Toda eu sou o silêncio da morte após uma catástrofe… e a catástrofe foi o mais triste cismo que se verificou no meu eu… entre escombros ficou a mais bela ilusão que me dava vida…

Desolaram-me também as notícias: mais mortos na estrada! Mas que pensam todos esses seres vivos que por aí se movem, sem se respeitarem, nem respeitarem os demais? Quem são aqueles que pensam, que por se dizerem que são o que não são, serão mais respeitados? Como é maravilhoso ser apenas o que somos… Se dizes que és o Doutor tal (serás?) então eu sou Afrodite, a deusa do Amor … falaciosa afirmação…

Dentro dos muitos temas que se discutem no momento, discute-se o “canudo” de uma personagem, que pela posição que tem, deveria ser merecedora de todo o respeito e consideração, e, fazer por isso. Contudo, está sendo posta em causa a obtenção do tal “canudo”. Mas será mesmo necessário um “canudo” para se ser bom dirigente, bom governante, bom pai, bom amante, etc., etc.? Mas isso nada me diz. O que se me apresenta negativo é o facto de estar a ser explorada uma notícia que, enquanto o visado não prestar a explicação carecida, não deve ser levada ao rubro… parece-me que está a ser explorado pelos media que, o tal “canudo” é que dá direito a ter capacidade para isto ou aquilo… quando o que está em causa, a ser verdade, é serem usados mecanismos do sistema “faz de conta” para tapar a “anomalia”. Pessoalmente não concordo; a história reza que há, pelo mundo fora, muitas pessoas que foram célebres, e possuidoras de grandes conhecimentos, sem terem frequentado bancos de Universidades… (nem vou mencionar nomes, para não falhar o de alguém que tenha sido muito importante).

Muito importante seria, fazer sentir todos os seres desta comunidade de humanos, que eram dirigidos por alguém que os dirigia humanamente e não como simples números, estatísticas que por vezes assustam, pondo em equação o que cada um vale economicamente, em vez de pelo seu coeficiente de inteligência, de bondade e de respeitabilidade, com a consequente produtividade e daí a resultante vertente económica.

Mas como me sinto nada, enquanto te banqueteias frente a iguarias especialmente confeccionadas para ti, nada mais posso acrescentar, a não ser que me apetece chorar e não consigo. Secaram-se-me as lágrimas e estou triste e cinzenta como está o dia…


professora e membro do clube