Vitor Marques
Surgiu já lá vão umas semanas um escândalo gravíssimo que levou uma universidade privada ao declínio total num período de dias. Não sei se se recordam mas uma universidade é um símbolo de formação, de desenvolvimento, duas características essenciais para uma sociedade moderna. Ultimamente o ensino superior em Portugal não goza de grande prestígio e com este caso ainda pior vai ficar. Faz-me confusão que de um momento para o outro se tenha levantado esta polémica em torno do Primeiro-ministro (PM). Eu não sei se já vos passou pela cabeça mas este assunto surgiu numa altura bastante oportuna. Numa altura em a Universidade Independente (UI) se depara com desenvolvimentos diários da sua crise institucional, um caso destes obviamente que se vai sobrepor ao grave problema com que se depara a universidade. Permite também por outro lado denegrir a imagem do PM e do governo bem como impulsionar a venda de jornais de referência que se debatem com uma crise de vendas devido ao aumento do número de jornais gratuitos.
Mas entrando pelo assunto “O caso Sócrates”, eu questiono o porquê de tanta confusão pelo facto de Sócrates ter falado mais tarde do que o dia em que foi acusado? Mas será este um motivo de relevo para tanta discussão? Porque se preocupam se ele é engenheiro, ou licenciado em engenharia, tem bacharelato ou o 12º ano? Ele é competente. Custa a aceitar que existe finalmente um Primeiro-ministro que não sendo perfeito está determinado a fazer alguma coisa por nós e pelo nosso país? Eu até ficava satisfeito que ele tivesse apenas o 12º ano. Seria uma bofetada de luva branca a muitos políticos doutorados que já passaram pelo governo e muito menos fizeram. Em Portugal ligamos muito ao grau académico e pouco às competências e às capacidades de cada um.
Tive oportunidade de ver a entrevista na RTP, muito fraca, com dois jornalistas que não se conseguiram entender, dominados pela supremacia e pela inteligência do PM em que este se defendeu e quando deixou de se defender pouco ou nada disse de novo e relevante. Obviamente que fiquei com algumas duvidas sobre o que foi dito por José Sócrates na sua auto defesa, e interrogo-me sobre elas, mas nem isso me leva a mudar a opinião e imagem que tenho dele como PM. Poucas duvidas tenho quanto às suas qualificações académicas e nenhumas tenho quando à sua capacidade e competência, pelo que pouco me importa o seu grau académico. Preocupa-me de facto é o futuro de colegas meus, alunos universitários que não tem neste momento um rumo traçado para a sua vida académica, e que estão reféns de uma instituição que se preocupa exclusivamente em gerar dinheiro em vez de se preocupar em formar, principal razão da sua existência como instituição.
Em suma, abafa-se e desvia-se a atenção de um problema realmente sério, faz-se uma oposição ao governo que é sempre necessária, ainda para mais quando ela não vem das bancadas do parlamento. Querem incriminar Sócrates apresentem provas concretas! Ainda não vi nenhuma. Com tudo isto esquecemos o sério problema Universidade Independente e concentramos toda a discussão num assunto que pouco ou nada traz aos portugueses.
Estudante Universitário do ISCSP-UTL e membro do clube