MÁRIO RUSSO
Bem sei que até ao Referendo do dia 11 o tema fervilhante é o que está em cima da mesa. Por isso é difícil virarmo-nos para outros assuntos. Porém, alguns temas da maior relevância para o nosso país, e não só, surgem como imperativo de engajamento de todos nós. Refiro-me às alterações climáticas e ao último relatório do IPCC: Refiro-me, uma vez mais, aos grandes investimentos do século (OTA e TGV), e por fim à energia hídrica e reservas estratégicas de água, quando se fala na barragem do Sabor. Todos eles entroncam com as alterações climáticas.Parece-se que seriam temas para o CLUBE despertar consciências, como está a fazer com o tema actual.
Por exemplo, seria bom que se discutisse sem complexos a opção Foz Côa (reactivando a barragem, a outras cotas, eventualmente, e ao mesmo tempo defender as gravuras em museu). EM meu entender é sensato discutir-se de as duas opções num contexto holístico e estratégico para Portugal: primeiro, porque necessitamos de 11 hm3 de água por ano para satisfazer as necessidades das diversas actividades e só temos reservas de 9 hm3 (com Alqueva pleno, que representa mais de 50% das nossas reservas) o que é perigoso num mundo caótico e sujeito a desastres ambientais espectáveis num futuro próximo. A água será motivo de muitas querelas no futuro. Por outro lado, os impactos ambientais em Foz-Côa são muito menores que no Sabor. A natureza agradece. Pergunto: não foi precipitada a decisão de preservar as gravuras através da suspensão da construção da barragem? Acho que sim. O país não se compadece com desvarios.
Da OTA – é altura de aproveitar a aprovação pelo governo do regulamento para a construção e exploração do novo aeroporto através da entrega a privados da ANA (para ser rentável o todo), que, eu meu entender, é um crime de lesa pátria, construir naquele local por teimosia e porque a solução é ainda pior, entregar activos de soberania a empresas privadas, com todo o respeito pelos privados. É uma questão de segurança nacional que está em causa. Os argumentos para esta opção, que já os conheço, são desmontáveis como um jogo de dominó.
Ficam estas sugestões.
professor universitário e membro do clube
