13/02/2007

CONSTRUÇÃO DA OTA OU FALÊNCIA DA TAP

RUI RODRIGUES


O financiamento do novo aeroporto de Lisboa, em parte, é semelhante ao modelo do actual aeroporto de Atenas, na Grécia. O pagamento da nova infra-estrutura vai depender do valor das taxas aeroportuárias. No caso grego, as taxas do novo aeroporto são das mais caras da Europa, o que levou a Olympic Airlines à falência por ser o seu maior cliente. Recentemente, a administração desta empresa exigiu do Governo grego uma compensação financeira de 803 milhões de euros pela “mudança obrigatória” da companhia, em 2001, para o novo Aeroporto Internacional de Atenas. Mais grave, ainda, as low cost não querem utilizar uma infra-estrutura com taxas de alto custo, o que está a obrigar à utilização de aeroportos secundários para “salvar” o turismo grego.

A TAP é responsável por cerca de 50 por cento dos voos em Lisboa, sendo as taxas aeroportuárias despesas fixas que têm um peso muito importante no seu orçamento, o que significa que, se um dia a TAP se mudar para a Ota, onde as taxas serão elevadíssimas, vai acontecer exactamente o mesmo que ocorreu à Olympic Airlines e as low cost irão abandonar Lisboa, o que levará ao colapso do turismo da capital.

A Administração da ANA - Aeroportos, para tentar justificar a saturação da Portela e a urgência da construção do novo aeroporto na Ota, tem incentivado a operação das 11 companhias de low cost, com mais três em Julho de 2007, para aumentar o tráfego em Lisboa. Esta estratégia está a ter, como consequência, a redução dos lucros da TAP e a diminuição das receitas por passageiro nas rotas exploradas pelas low cost. A TAP viu-se obrigada a descer os respectivos preços, tentando evitar que os seus aviões fiquem vazios. Outra consequência foi o fim dos leilões virtuais. No site da TAP até é dito: “O reforço das promoções da TAP torna desnecessário o leilão virtual”.

Governo tem duas opções a tomar: ou constrói o aeroporto da Ota e leva a TAP à falência, arrastando 10 mil pessoas para o desemprego, ou cria um aeroporto para as Low Cost e mantém a TAP na Portela dando-lhe, assim, vantagens competitivas.

http://www.maquinistas.org/pdfs_ruirodrigues/tapotafalencia.pdf (duplo clique para ler)