CULTURA – UM DESAFIO NACIONAL, UM TRUNFO GLOBAL
Na semana passada participei, em Gaia, num debate do “clube dos pensadores” (animado pelo biólogo Joaquim Jorge) sobre este tema. Foi um debate vivo e muito participado, onde ficaram claras as razões porque é que a cultura é, de facto, um desafio nacional, e pode ser um trunfo global. Razões que as conclusões do recente relatório sobre “a economia da cultura na Europa”, encomendado e divulgado pela U.E., tornaram mais claras e prementes. Lembro apenas algumas:
Na semana passada participei, em Gaia, num debate do “clube dos pensadores” (animado pelo biólogo Joaquim Jorge) sobre este tema. Foi um debate vivo e muito participado, onde ficaram claras as razões porque é que a cultura é, de facto, um desafio nacional, e pode ser um trunfo global. Razões que as conclusões do recente relatório sobre “a economia da cultura na Europa”, encomendado e divulgado pela U.E., tornaram mais claras e prementes. Lembro apenas algumas:
- que o volume de negócios na área da cultura e da criação foi de 654 mil milhões de euros no ano estudado (em 2003), sendo superior, por exemplo, ao dos sectores automóvel, bem como ao das novas tecnologias;
- que a sua contribuição para o pib comunitário foi, nesse mesmo ano, de 2,6%, superior ao dos sectores imobiliário (2,1%), alimentar, bebidas e tabaco (1,9%) ou têxtil (0,5%);
- que na área cultural e criativa o crescimento do valor acrescentado foi, no período 1999/2003, de 19,7%, quando o da média global no resto da economia foi de 7,4%;
- que a cultura e a criação representam 3,1% do emprego nos 25 países da U.E., tendo crescido 1,85% no período (2002/2004) em que, globalmente, ele diminuiu na União Europeia.
Estes são alguns dados da maior relevância, que exigem agora um esforço no sentido de se avançar para propostas concretas que aproveitem, potenciem e dinamizem o papel da cultura e da criação no reforço da competitividade da economia da U.E. no mundo. É urgente dar este passo – e talvez seja possível dá-lo no âmbito da Presidência portuguesa da U.E., no 2º semestre de 2007, se houver capacidade para avançar com medidas que o possam viabilizar.
Vivemos um período em que, à crítica fácil, é preciso preferir a proposta construtiva – e, assim, contribuir para fazer de novo da política cultural uma autêntica prioridade política.
Manuel Maria Carrilho
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Manuel Maria Carrilho acedeu a elaborar um documento escrito, para o Clube dos Pensadores, aquando da sua passagem a 22/01/2007. Esta atitude tocou-me sobremaneira, mostrando elevação, sensibilidade, diria até simpatia e interesse por este projecto,a que não é alheio a excelente plateia. Abstendo-se de tomar posição sobre o Aborto no nosso blogue, fê-lo sobre o debate.
Obrigado MMC.
Joaquim Jorge