26/01/2007

MENSAGEM DE PAZ

Isabel Cruz

Às vezes queremos escrever e parece que as mãos recusam acompanhar o pensamento e quase que paralisadas, não deixam que as letras corram à velocidade com que corre o que nos escoa do nosso interior.

No emaranhado dos meus sentires, estou triste. Tão triste que me revolta a própria tristeza que me vai na alma.

Sinto que se vai perdendo o sentido da vida. Pensava que as pessoas ainda pensavam um pouco, antes de falarem… se pensam apenas é para se magoarem entre si.

Ouvi umas afirmações, esta manhã na rádio, de alguém por quem até nutria uma certa consideração e que me deixaram siderada. Dizia a personalidade em questão, que o “sim”, referindo-se à despenalização do aborto, seria para além de outras considerações, uma forma de impelir a mulher a abortar, para não perder o emprego.

Francamente! Então isso só vem mostrar que há entidades empregadoras a impedir que a mulher viva a beleza da maternidade. Razões de estética? De falta de humanidade? De egoísmo? E com que “lata”, depois, se vem dizer que há uma baixa taxa de natalidade… Como tudo isto é incoerente…

Mas afinal que “bicho” somos nós mulheres, para que, como joguetes, engravidemos ou não, conforme a vontade de quem nos acompanha? Porquê se vai considerar crime, quando apenas se quer reparar um erro, que mais tarde pode ser irreparável? Não será muito mais criminoso permitir o avanço de uma gravidez indesejável? Não será muito mais criminoso recorrer-se a mãos oportunistas e daí advir a impossibilidade de uma futura gravidez desejável? Não será muito mais criminoso morrer-se, por não ter havido respeito por uma situação, que teria sido aceitável se tivesse sido compreendida? Que e quem, poderá levar alguém a julgar outro, se desconhece a razão que levou a outras razões?

Pensem! Por favor pensem! Aqui não se trata de matar ninguém. Trata-se de dar dignidade a quem por razões, que só o próprio conhece, de manter uma qualidade de vida, sendo assistido condignamente, por quem de direito, perante uma situação, por vezes bem difícil.

Pensem por favor, que devemos viver com Amor, para que possamos dar e receber felicidade. Amar é compreender e dar força a quem possa estar a passar um transe difícil na sua vida.

Estas palavras, que acabei por conseguir passar, são também para ti, a quem amo desesperadamente: Vida!

professora e membro do clube