12/12/2006

Clube de Pensadores ganha cada vez mais força



Novo debate encerrou 2º ciclo e anuncia o terceiro
Clube de Pensadores ganha cada vez mais força

O Clube de Pensadores, uma iniciativa sem par nos tempos que correm em que tão pouco gente discute o tanto que há para discutir, pelas mãos do dr. Joaquim Jorge, um biólogo, um professor universitário que errou a vocação, tamanha é, também, a sua força de comunicador. Já organizou dois ciclos de debate, no Hotel Megatur, na cidade da Maia, onde levou personalidades, uma das últimas, o poeta, deputado e vice-presidente da Assembleia da República, Manuel Alegre. No último encontro, com sala repleta de público interessado, o tema foi o grande desafio que os meios de comunicação social tradicionais enfrentam no século XXI, o confronto com as novas tecnologias da informação e a adequação do discurso às novas formas de transmissão da mensagem. Esta foi a ideia que sobressaiu no debate com o tema «Jornais vs Televisão».José Leite Pereira, director do JN (Jornal de Notícias), José Marquitos, fundador do semanário Sol e do CNL (Canal de Notícias de Lisboa), foram os oradores principais de um painel constituído também por Joaquim Queirós, director do Matosinhos Hoje, Marta Azevedo, jornalista, e Joaquim Jorge, fundador do clube. Partindo do pressuposto da complementaridade entre jornais e televisão, debateu-se ao longo da noite o presente e o futuro dos meios de comunicação social. Para José Leite Pereira a profissão de jornalista “está em extinção”, tal qual a conhecemos actualmente. Tal como os profissionais da comunicação, os “jornais vão acabar como fonte única de informação e de conhecimento. Não é estranho encontrarmos leitores mais informados que os jornalistas e os jornais”. Isto deve-se essencialmente às novas formas de transmissão da informação e às potencialidades que as tecnologias de informação dispõem. Segundo o director do JN, logo após um acontecimento, “os blogues estão cheios de explicações”. Por isso, “o que podem os jornais fazer mais?”. Neste sentido, os meios de comunicação terão que se adaptar “aos novos leitores, que poderão não ser os mesmos de hoje” e os jornalistas também não “poderão ser os mesmos. Serão menos, mas terão que ser melhores jornalistas”, para assim cativar os leitores. José Leite Pereira aproveitou para explicar que o JN faz um jornalismo “de proximidade e qualidade” e que os jornalistas não têm “tanto poder” como as pessoas pensam. Já para José Marquitos os jornais e a televisão são “dois meios que se complementam” e a rádio “é o parente pobre, onde só as grandes cadeias e algumas rádios locais subsistem”. Para o administrador do semanário Sol é “muito caro fazer informação” e os órgãos de comunicação social terão que apostar em constituir redacções onde os “jornalistas novos e os com mais experiência” trabalhem em conjunto. José Marquitos aproveitou para revelar um pouco da história da fundação da CNL e do Sol, explicando como é possível criar projectos de sucesso.Joaquim Queirós, que se apresentou, dada a perseguição a que estão a ser alvo os meios de imprensa regional escrita, por parte do Governo, como um “sem abrigo” da comunicação social, salientando que os jornais “estão em morte lenta”. Para o director do “Matosinhos Hoje” os jornais regionais podem existir “num mundo globalizado”, já que o seu jornalismo de proximidade tende a cativar os leitores. Segundo os jornalistas, existem poucos incentivos numa área que atravessa uma grave crise, ajudando para “o desinteresse pela participação cívica”. Chamou a atenção para a formação de parcerias de comunicação local e regional, para que ganhe força, mercê da vasta dispersão da mesma com centenas de títulos. A representante da plateia para este debate foi Marta Azevedo. A jornalista referiu que “a má imagem que existe da classe é injusta”. Marta Azevedo considera que os dois meios de comunicação – jornais e televisão – se complemente e “não se rivalizam”. Já Joaquim Jorge preferiu salientar que a imprensa tem que “mudar”, já que está a perder cada vez mais audiência. Para o mentor do Clube dos Pensadores, os meios de comunicação social “têm que ir de encontro às pessoas”, mudando os conteúdos dos programas. A mudança de faces também poderá ser uma alternativa, já que “os comentadores são sempre os mesmos”. Na plateia este presente Narciso Miranda e o antigo director-adjunto da DREN Manuel Pinheiro.No debate foram abordados ainda temas como as condições de trabalho dos jornalistas, a ética, a deontologia, a “censura” do poder económico a sobrepor-se ao político e a definição das linhas editoriais. Entretanto, na passada quinta-feira, no restaurante D. Zeferino, em Matosinhos, realizou-se um jantar de convívio do clube com a presença de cerca de uma centena de pessoas, o que vem demonstrar que a iniciativa do dr. Joaquim Jorge e dos seus amigos já fez do Clube dos Pensadores um espaço de reflexão nacional. A região do Porto já é pequena. O Clube irá começar o seu terceiro ciclo de debates em Vila Nova de Gaia e, mais tarde, passará para Matosinhos.