O PS Porto, tem usado o argumento ad populum, isto é,usa o critério da maioria como critério de verdade. Justifica uma atitude que defende não porque esta é a que melhor resolve os problemas que se propõe atacar mas porque a maioria votou nele.
JOAQUIM JORGE
O partido socialista necessita de um projecto de abrangência em que funcione como uma espécie de propulsor cativante para os cidadãos; de uma mudança de atitude, reestruturando-se com os melhores e com ideias capazes, de galvanizarem o eleitorado, para uma vitória eleitoral nos vários concelhos; de ter uma política de médio prazo para vencer as próximas eleições autárquicas no distrito do Porto. O erro do PS,durante os últimos quatro anos até às últimas eleições autárquicas,foi não se preparar devidamente para retirar câmaras ao PSD.Estou a falar da Maia,Valongo,Gondomar,Gaia,etc.É necessário construir uma alternativa sustentada num projecto envolvendo as forças vivas da sociedade civil de uma forma convergente e inclusiva.Isto passa por uma oposição forte, credível e em full-time.Em 2005 perdemos uma oportunidade de ouro talvez irrepetível de ascender a algumas Câmaras que com este quadriénio se tornará mais difícil.Isto passa por um PS moderno, tolerante, aberto, plural não vingativo e todo ouvidos.
No Porto , Rio venceu não foi por mérito dele mas sim por demérito do PS.Rio não é melhor do que PS. O eleitorado em função das propostas apresentadas, optou pelo mal menor. Temos que recuperar a áurea de Fernando Gomes e Narciso Miranda no distrito do Porto. O tempo deu razão a quem pensava que devido às lutas intestinais entre correligionários levou à perda da CMP. Chega de tantos disparates.Fernando Gomes foi o melhor presidente de Câmara que o Porto teve, depois do 25 de Abril,o único defeito foi ter ido para Lisboa para ser ministro.
O partido está fechado,olha para si próprio ao espelho e julga-se único e bonito mas infelizmente está enganado. Tem que olhar à sua volta, escutar sem preconceitos e perceber os sinais e a mudança na sociedade.
Em vez de praticar a inclusão, rentabilizando as mais valias do partido nas mais variadas áreas, tem medo que essas pessoas lhe façam sombra ou porque pensam ou porque no cidadão simples tem acolhimento, isto é, não valoriza a opinião credível sobre as várias questões da actualidade. Contudo exclui pessoas: veja-se o que passou com Narciso Miranda recentemente na Convenção autárquica em Matosinhos ; com militantes anulados, com grande valor que seriam um acréscimo ao partido e uma lufada de ar fresco ; com Maria José Azevedo em que a concelhia aprovou um voto de censura contra a primeira vereadora da oposição (teve uma votação honrosa em Valongo vencendo inclusive a Assembleia Municipal).Talvez seja, por ser independente. Não interessa se tem valor ou não e se está a fazer um bom trabalho. Já se fala em que existe candidato pelo PS à Câmara de Valongo que não passa por ela. Sinceramente , assim não vamos a lado nenhum.Primeiro deveriam vir a política e as ideias, depois os lugares. O eleitorado não perdoa o ínvio e o pífio.
Tem que existir uma renovação e abertura a novas pessoas e ideias, será muito bem aceite pelo eleitorado.Já se viu que vencer eleições internas com joguinhos, é uma coisa, outra é vencer eleições autárquicas. A opinião pública precisa de um sinal forte para mudar e votar PS. Outra orientação é demarcar-se da política nacional do partido (sem censura), explicando muito bem ao eleitorado que uma coisa são eleições nacionais outra são eleições locais. As medidas do governo não devem ser impeditivas e penalizadoras para quem aspira ser presidente de Câmara.
O lema é inserir, e não reprovar e excluir. O PS foi poder a nível nacional porque houve debate interno e daí saiu mais forte aos olhos do eleitorado, o confronto de ideias e a abertura com transparência só traz benefícios e credibilidade
Uma eleição interna em que se apresenta um só candidato à partida está ferida de legitimidade por muitos votos que possa ter. A diversidade, a disputa, o confronto, o contraditório é sinal de vitalidade e não de anarquia ou algo que o valha.Como diz António Aleixo, “contigo em contradição,pode estar um grande amigo,duvida mais dos que estão sempre de acordo contigo”.
O PS Porto, tem usado o argumento ad populum, isto é, usa o critério da maioria como critério de verdade. Justifica uma atitude que defende não porque esta é a que melhor resolve os problemas que se propõe atacar mas porque a maioria votou nele. Essa maioria mesmo que eventualmente ignorante no assunto em causa, é que define aquilo que é certo ou errado. Infelizmente não tem dado bons resultados como se vê pelos resultados eleitorais autárquicos recentes.
artigo publicado no Público em 8/11/2006