23/10/2006

CONVENÇÕES ou CONVULSÕES SOCIALISTAS?


JOAQUIM JORGE


É uma pena o PS “ to follow the same system”


1- As duas últimas convenções autárquicas socialistas realizadas ,uma pela concelhia de Matosinhos e outra pela concelhia do Porto, mostra que os seus dirigentes actuais finalmente mostraram a verdadeira face à qual não posso ficar indiferente. Na convenção de Matosinhos, ficou límpido para quem exprovasse, que os seus dirigentes julgam-se donos e senhores dos militantes e utilizam-nos a seu bel-prazer para os seus desígnios pessoais. O ostracismo e desprezo a que foi sujeito Narciso Miranda que lhe sirva de lição. O actual poder das concelhias e das distritais facilita situações indesejáveis. Esta é uma questão a que não podemos fechar os olhos. Eu não me acredito que a maioria dos militantes socialistas de Matosinhos estejam de acordo que se esqueça e procure ignorar o trabalho de uma pessoa que tanto deu ao partido e à cidade de Matosinhos. Moral da história o homem que era do aparelho foi trucidado pelo próprio aparelho. Narciso deverá tirar as devidas ilações, das transformações tão velozes de quem ele tanto ajudou e acarinhou. O processo de candidatura à CM Matosinhos já está em marcha. Aqueles que detêm lugares nas estruturas concelhias ou distritais do partido, permite que se proponham a si próprios, fechando cada vez mais o partido. Uma coisa é o aparelho vencer dentro do PS outra é a batalha da opinião pública e aí Narciso em qualquer eleição vence de forma eloquente, para gáudio da população matosinhense e tristeza dos acantonados e ensimesmados que só vêem o seu umbigo. Por este andar, O PS em Matosinhos vai ter três candidatos à CM Matosinhos. É mau de mais para ser verdade. Narciso Miranda que foi impossibilitado pelo seu partido (fez um hiato) e que é o seu pretendente natural, Guilherme Pinto por ser o actual presidente da CM Matosinhos e Manuel Seabra porque é o presidente da concelhia. Mas só pode ser escolhido pelo partido, um deles. Vamos ver se a relação de amizade e de trabalho realizado durante anos entre Narciso (o indelével de Matosinhos) e Guilherme (tem tido uma conduta louvável) prevalecem ou a imposição do partido ecoa mais forte.
2 - Na convenção do Porto as declarações proferidas por Assis não me surpreenderam. Nunca duvidei do acordo que foi feito na partilha do poder interno no PS Porto era verosímil. A família Gaspar tomaria conta da concelhia e ficaria Renato Sampaio com a distrital a troco do apoio a nova candidatura de Assis à Câmara do Porto (apesar de em recente entrevista o desmentir). Tudo isto feito nas costas dos militantes. Lembra-me um baralho de cartas, parte reparte e dá e, saem sempre as mesmas cartas. Os mesmos são sempre os mesmos. Ao propor uma coligação de esquerda contra o actual poder na CMP, a sua proposta é interessante mas está desfasada no tempo. Quem tem que fazer essa proposta é o próximo candidato do PS à Câmara em 2009! Que eu saiba ainda vai haver novas eleições internas para a concelhia e distrital em 2008 ( essas eleições realizam-se de 2 em 2 anos),vamos ver se há respeito pelos estatutos do partido. Assis deve-se é preocupar com a oposição à CMP, terá que ter o dom da ubiquidade pois não consegue estar ao mesmo tempo em Bruxelas e Porto; é eurodeputado e vereador. O número dois da lista Manuel Pizarro também tem que ter o dom da ubiquidade estar em Lisboa e no Porto; é vereador e deputado na Assembleia da República. No fundo quem chefia a oposição socialista porque realmente permanece na cidade durante toda a semana é o terceiro vereador que é Palmira Macedo. Não me posso esquecer que o PS ao aceitar a alteração do regimento permitindo as reuniões não de oito em oito dias mas de quinze em quinze esvazia de oportunidade e de acção a oposição a Rui Rio. Nada me move contra as pessoas em apreço mas isto tem que ser dito sem tepidez e com clareza. A vinda de Sócrates duas vezes, num curto espaço de tempo, Novas Fronteiras (início de Setembro) e agora em que deu a conhecer as linhas mestras da sua moção ao congresso do PS (início de Outubro), o que para muitos pode ser entendido como uma prova de influência e de poder do PS Porto, prova a debilidade e a dificuldade das suas figuras actuais têm, em se impor, terem visibilidade pelas suas propostas e ideias. Só o conseguem a reboque do líder. Se as vezes que Sócrates vem ao Porto fossem transformadas em vitórias eleitorais, era óptimo, mas eu recordo-me de ele ter vindo quatro vezes para as eleições autárquicas no Porto e além da derrota do PS, teve a agravante de Rio ter tido uma maioria absoluta.
É uma pena o PS “ to follow the same system” ( ler pela mesma cartilha).



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Porque é que a maioria dos socialistas do Porto não se indigna e protesta a ponto de obrigar a inflectir as suas políticas e atitudes? Muitos socialistas em surdina reclamam contra este estado de coisas,. mas o medo imanente e a sua passividade é algo que merece ser estudado.E o medo,é invisível,difuso ,reactivo e permanente. Cada vez há mais proscritos.



artigo publicado no OPJ em 22/10/2006