intelligenti pauca ( para bom entendedor meia palavra basta )
JOAQUIM JORGE
O triste episódio passado na convenção autárquica realizada em Matosinhos em que esteve no epicentro Narciso Miranda, prova o porquê dos cidadãos estarem cada vez mais desinteressados da política partidária.Actos deste calibre levam, ao afastamento da vida partidária a quem não se quer sujeitar ao seguidismo, fidelidade acéfala ao chefe ,lambe-botismo e bajulamento. Os chefes partidários “actuais “ em Matosinhos e no Porto ,digo actuais, porque podem deixar de o ser basta que os seus militantes acordem e decidam de uma vez por todas dar um abanão e provocando um sobressalto, dando uma barrela geral .
Na vida de cada um de nós assim como na política, devemos transportar valores de cidadania elevados, ter memória e dar valor ao que foi feito e enaltecer os modos de proceder. A passagem do testemunho sem dor mantendo a CMM nas mãos do PS. Neste acto nobre e magnificente Narciso, marcou pontos que são inquestionáveis cedendo o lugar ao seu delfim de então Guilherme Pinto que se tornou presidente da Câmara e que tem procurado levar a sua tarefa a bom porto, sendo porém delicada.
Goste-se ou não de Narciso, além do respeito pelo seu passado, dando um contributo significativo nas mais diversas campanhas quer para a eleição dos presidentes da República socialistas ( Mário Soares e Jorge Sampaio) quer para a eleição dos vários primeiros-ministros socialistas ,desde Soares, passando por Guterres até ao nosso actual primeiro-ministro José Sócrates. Quem porventura queira ignorar tal facto não está a ser correcto e reconhecido - que é um dos males que enferma a nossa sociedade. A inveja e o ciúme doentio tolhe a mente das pessoas.
Dir-me-ão que quem venceu a concelhia de Matosinhos não foi Narciso Miranda assim como a distrital do Porto. Eu sei mas não lhes dá o direito de ostracizarem e vexarem uma figura ímpar conhecido como o “Senhor de Matosinhos” que querem arrumá-lo, muitos deles devendo-lhe a sua actual “posição”.
O homem que sempre foi do aparelho socialista é agora lançado como uma força centrífuga, excluído e considerado “persona non grata”, vá-se lá saber porquê? É o destino e Narciso tem que aprender com o que lhe fazem e deveria estar prevenido para esta estirpe camaleónica. O actual poder das concelhias e da distritais facilita situações indesejáveis. Esta é uma questão a que não podemos fechar os olhos. Usando uma metáfora que todos podem compreender. Mais importante do que andar atrás de ratos, é fechar as portas ao queijo. Uma coisa é o aparelhismo vencer dentro do PS outra é a batalha da opinião pública e aí Narciso em qualquer eleição dá capote. Ao que chega um militante que tanto deu e trabalhou em prol do partido e da sua terra, Matosinhos.
Mal vai um partido que não respeita o seu passado e que é dominado por uma nomenclatura que se julga dona das pessoas e dos seus militantes coagidos a fazerem o que os seus “chefes” congeminam nos bastidores a seu bel-prazer para as suas carreiras mandando às malvas o interesse partidário e concomitantemente o interesse dos cidadãos e eleitores.
O medo e a possível distribuição de lugares que ainda não forem preenchidos, apesar de agora só restarem migalhas porque o grosso modo já há muito tempo foi dado.
Infelizmente o respeito pelo pensamento diferenciado no Partido não é exequível. A elite dirigente, o pragmatismo radical indiferente a valores é o que caracteriza a vida partidária do PS no distrito do Porto. Esses chefes partidários entrincheirados e donos dos aparelhos lutarão até à morte ou para serem apeados exigirão preços degradantes. A coexistência com a diferença, leva a uma dinâmica do pluralismo, o respeito pela diversidade ( pontos de vista e opções),implica tolerância que é algo que não faz parte do léxico dos velhos elefantes do partido(alguns ainda novos),batidos em mil batalhas e convencidos que o Mundo é sempre igual. É necessário uma catarse.
Narciso respeitou as directrizes do partido, o partido tem que o respeitar. Só quem esteja disposto a perder merece ganhar. Continuem com atitudes pífias e depois não se queixem. Assim não vão a lado nenhum é impossível apagar da memória um trabalho de 30 anos e 2009 está já aí, isto é, intelligenti pauca.
artigo publicado no MatosinhosHoje em 4/10/2006