Joaquim Jorge
O primeiro-ministro japonês , Junichiro Koizumi, que deixa o governo japonês, é um político diferente , que durante os últimos cinco anos foi fiel à sua reputação de líder excêntrico, deixando-se muitas vezes levar por suas ideias pessoais num meio político muito convencional e composto maioritariamente por "apparatchiks" (burocratas).
Koizumi, de 64 anos, o único primeiro-ministro japonês cuja popularidade ofuscou a de seu poderoso partido, vem de uma família de políticos - é um deputado PLD de "terceira geração" - mas a sua personalidade é atípica.
De facto, ele já se destaca pela aparência: a cabeleira revolta, o olhar penetrante, o rosto infantil e o gestual que acompanha seus discursos agitados. Magro e de baixa estatura, prefere os ternos de cores claras combinados com gravatas multicoloridas. Koizumi é divorciado e pai de três filhos. Admirador de Churchill, ele não esconde o gosto por bares noturnos, pelo "heavy metal" japonês e sobretudo e pelas óperas de Wagner. Koizumi também nunca ocultou sua grande admiração por Elvis Presley.
Mas o que me ficou gravado na memória foi a decisão de permitir que não se usasse gravata nos edifícios públicos, para poder-se subir a temperatura do ar condicionado e assim se poupar energia no verão.
No campo da política, inovou com nomeações e demissões de surpresa, que chocaram o 'establishment'. Em várias ocasiões desafiou a hierarquia do partido e, em abril de 2001, chegou ao poder, prometendo "pulverizar o PLD".
Vou ter saudades dele mostrou que se pode chegar ao poder contra o sistema e ser-se humano e não empertigado quando se chega ao poder.