11/06/2019

10 de Junho, o discurso, a História.





António Fernandes 

As comemorações do dia de Portugal foram marcadas por intervenções saudosistas e desconexas que deixam perplexas as gerações presentes encarregues de preparar o futuro.
A alusão a Camões como figura maior da República é, por si só, castradora da mensagem de um dia que devia ser de comemoração da esperança e nunca para usar o passado como objetivo social porque o que passou à semelhança da água que corre por de baixo de uma ponte não mais voltará a passar.
Quanto muito parece igual. Mas não é. É pura ilusão da ótica Humana.
Tanto na perspetiva como no conhecimento adquirido. Sendo que o conhecimento é algo que transita de geração para geração.
Talvez por isso a importância da memória e de todo os seus registos como sendo suporte para alavancar a continuidade da modernidade.
Portugal tem atualmente a geração mais bem preparada de sempre. Uma condição que é presente em todas as gerações que preparam o seu futuro.
Assim sendo não se percebe o porquê do medo existente em geração antecedente progenitora ou não em confiar nos seus descendentes.
Nessa senda é corriqueiro o discurso saudosista sempre presente em cerimónia e também no comportamento parcimonioso dos indivíduos que se organizam em sociedades comunitárias centradas em interesses individuais.
Acontece que ao longo da História o aperfeiçoamento contínuo da forma na organização social entronca em um novo paradigma que exige cada vez mais comportamento coletivo em defesa de valores de vida e também de valores de identidade.
A partilha de recursos é uma condição essencial para o equilíbrio das civilizações assim como a preservação do ambiente. Dois pilares estratégicos sobre os quais as novas gerações se debruçam e apresentam soluções.
O que não é de estranhar num tempo em que o escalonamento da organização social já não reflete estigmas passados.
Talvez por isso deva a geração de transição repensar o método e afirmar a confiança sempre necessária a quem se lhe segue com a naturalidade da vida.
O dia de Portugal devia ser por isso um dia de comemoração das raízes do futuro!