15/09/2018

Precariedade. É preciso combater o tabu!



António Fernandes 
É, também, no complexo puzzle da organização económica das sociedades que, a dispensa de mão de obra humana, por substituição mecânica ou computorizada, origina fatores de instabilidade social por manifesta falta de competência na preparação das novas formas de vida das gerações do futuro prisioneiras de uma educação predominantemente dominada por conceitos passados e presentes que olham o emprego como sendo a garantia da estabilidade social, coisa que já não acontece.
Um autêntico tabu que urge combater e clarificar uma vez que se perfila no horizonte da organização política, social e económica, das sociedades civilizadas, um novo propulsor de uma nova identidade cultural matricial dos valores e das referências de vida, que é, incontornavelmente, a economia.
A economia que sempre foi o fio condutor desde a extração das matérias primas ao seu consumo, agora também com os geneticamente manipulados, vulgo transgénicos, está em mudança de paradigmas estruturais relevantes, alavancando novos eixos de rotação das mercadorias e dos consumos mas também, da organização industrial em geral e das redes de distribuição ao consumo, de forma a que esses eixos não degenerem em convulsões sociais recessivas que ponham em causa toda a sua organização o que só é possível através da destruição massiva de toda a evolução social ocorrida desde meados do seculo passado até ao presente.
A precaridade laboral tem de deixar de ser tabu nas discussões publicas para passar a ser uma condição de vida corrente a ter em linha de conta no futuro.
As novas gerações. A geração do conhecimento e, segundo a classe política: a geração mais bem preparada de sempre, não está a ser preparada para afrontar e enfrentar esta realidade incontornável: a de que a máquina tem vindo e vai continuar a substituir o homem nas suas tarefas quotidianas empurrando-o para a condição exclusiva de consumidor. O que configura um erro crasso de estratégia política porque não previne e muito menos acautela a dita “geração mais bem preparada de sempre” para que se prepare para viver a vida tal qual ela se lhes configura e apresenta. Sem dramas e com vantagens acrescidas de poder continuar a aprofundar o conhecimento tendo em consideração uma lacuna que já é evidente que é a de que as plataformas onde está alojada a informação começam a carecer de atualização permanente.
Neste contexto surge uma perspetiva de médio prazo que implica começar já a preparar as novas gerações para o lazer, munindo-as do conhecimento Histórico transitado, mas também, do conhecimento necessário de que o saber é uma necessidade e não, uma ferramenta para a competitividade.
Porque a precariedade só existe quando os Estados não estão organizados para suprir problemas conjunturais nem sequer os da sua articulação funcional e muito menos para a admissibilidade de que o Estado existe como defesa da Nação num todo, num mundo em transição para um estádio superior ao atual, onde o Ser Humano possa desfrutar do direito inalienável à vida.
Uma preparação a que urge dar inicio, fora de tempo cultural para a sua aceitação pacifica, mas que, através dos canais próprios: a família; a escola; o meio; a seu tempo surtirá o efeito desejado tal e qual as novas tecnologias surtiram os efeitos pretendidos num espaço de tempo meteórico.
A questão de fundo reside na vontade política de todos os agentes envolvidos no sentido de procurar soluções para estes novos desafios e não para os complicarem, prometendo algo que é de difícil execução: o regresso ao passado.
A precariedade assume assim ser um problema maior tendo em conta o atual momento Histórico, mas, uma autêntica falácia se considerarmos o futuro, na senda do progresso e do desenvolvimento social.