16/08/2018

PENSAMENTOS




Valdemar F. Ribeiro 

O  SABER  HISTÓRICO E O SABER CIENTÍFICO

          A perceção da História, por definição, é o conhecimento do singular, do individual, do que não se repete no tempo nem no espaço, do que se conceitua como único, portanto não é previsível.
O pensamento científico é o conhecimento do geral, do universal, conhecimento este centrado na predizibilidade de eventos e na formulação de leis, numa lógica universal.
A ciência busca realidades, factos, e cada individuo aprofunda em si essa realidade ou não.
Na verdade científica, a realidade nasce de dentro para fora e não de fora para dentro.

         A GRANDE AVENTURA – O PENSAMENTO CIENTIFICO

O desenvolvimento das ciências modernas e suas aplicações, constituem para a humanidade uma grande aventura e é uma aventura que não permite medir hoje os futuros progressos nem as consequências finais.
O esforço da ciência, por um lado tende a aumentar o conhecimento dos fenómenos naturais mas, por outro lado, também há a possibilidade de causar situações menos interessantes ou mais perigosas.
Basta olhar a bomba atómica e suas consequências, ontem e hoje.
         O conhecimento científico comporta perigos pois gera um poder que pode ser usado para o “bem” e para o “mal”.

          Mas não há como parar o desenvolvimento cientifico pois o risco é a condição do êxito e “a ciência progride por adaptação do espirito à realidade e exige a criação de noções sempre novas” ( P. Langevin).
        “Só na obra da ciência é possível amar o que se destrói, continuar o passado negando-o, venerar seu mestre contradizendo-o” (G. Bachelard).
            Não há numa floresta duas folhas iguais mas logo que a observação se torna atenta e refletida, apercebe-se de que há elementos fixos que se apresentam de uma maneira semelhante pois a variedade não exclui certas analogias. 
           O pensamento inteligente, científico, obriga a atender aos elementos permanentes ou estáveis e aos elementos impermanentes ou novos.
         O conhecimento refletido, exige uma multitude de observações diversas e sempre novas. 
         O carácter do conhecimento científico é a objetividade no sentido de que a ciência intenta afastar do seu domínio todos os elementos afetivos e subjetivos, deseja ser independente dos gostos e das tendências pessoais do sujeito que a elabora ou seja o conhecimento científico deve ser um conhecimento válido para todos.
         A evolução da recente ciência, e especialmente da física, mostrou a impossibilidade de separar adequadamente o objeto do sujeito e de eliminar completamente o observador.
         Este reconhecimento é essencial na teoria da relatividade e na nova física quântica, torna o carácter da objetividade mais complexo.
        A penetração e a profundidade são formas especiais do vigor do pensamento e são qualidades morais.
        O espírito superficial é muito indulgente para consigo mesmo pois contenta-se com pouco para si mesmo e para os outros ao seu redor pois aceita o que baste para conseguir o efeito.
         Este espirito carece de penetração ou de profundidade e dá por finda a investigação logo que as ideias encontradas forneçam assunto para uma página bem escrita e propende a considerar essas qualidades encontradas na primeira esquina como critério do valor das ideias.
          Ocorre em erro lógico porque o valor das ideias científicas só pode ser avaliado de harmonia com as regras do verdadeiro ou falso.
          Sem a subtileza do pensar profundo, não existe a força, porque toda a grosseria é fraqueza e impotência e quanto mais delicado o instrumento para uma operação cirúrgica, mais firme deve ser a mão que o segura.
          Deste modo, a inteligência, desde que se considere somente a sua função lógica, exige sempre nas suas mais diversas operações, a mesma qualidade moral de probidade escrupulosa e minuciosa, isto é, de precisão.
          O ato essencial da inteligência, o discernimento, não se contenta com o pouco ou com o mais ou menos.
             E esta qualidade moral é propriamente o que se denomina de espírito científico.
             Torna-se verdade no filho, aquilo que no pai era mentira (F. Nietzsche).